São Paulo, sábado, 27 de abril de 1996
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Chicago vira mercado de arte durante cinco dias

CELSO FIORAVANTE
EM CHICAGO

A maior cidade do "midwest" norte-americano, Chicago, se torna também, entre 10 e 14 de maio, o maior centro norte-americano de comércio de arte, quando realiza a Art Chicago 96.
A paulistana Camargo Vilaça será a única galeria brasileira presente, com 12 artistas (veja texto ao lado), mas alguns brasileiros também poderão ser vistos em galerias estrangeiras, como Daniel Senise (Galería Ramis Barquet, de Monterrey, no México), Valeska Soares (Rhona Hoffman Gallery, de Chicago) e Ernesto Neto (Christopher Grimes Gallery, de Los Angeles).
A Art Chicago começou em 1993, com um grupo de galeristas não satisfeitos com os rumos tomados por outra feira de arte da cidade.
O coro dos descontentes deu certo e a feira pulou, em quatro anos, de 85 para 175 expositores. São eles que bancam os cerca de US$ 3 milhões que a feira consome.
"Cada galerista paga pelo espaço e estande entre US$ 10 mil e US$ 12 mil. Com os custos de transporte, seguros e custos adicionais, o galerista deve gastar entre US$ 15 mil e US$ 20 mil, no mínimo", disse à Folha Thomas Blackman, diretor e alter ego do evento (o símbolo da feira é um "homem preto", blackman, em inglês, de costas, que está espalhado em cartazes por toda a cidade).
Marcantonio Vilaça, que participa pela segunda vez do evento, não revela quanto vai gastar para viabilizar os 56 metros quadrados de seu estande. "Dependo ainda de detalhes sobre os fretes das obras", diz.
Escolha subjetiva
A seleção das galerias participantes é feita por uma comissão de 15 curadores (veja quadro nesta página). A escolha dos galeristas participantes é subjetiva, mas Blackman diz não participar. "Se acho que a comissão comete um erro, digo para eles repensarem", diz.
"Sei que existem muitas feiras pelo mundo que possuem preços especiais para galerias importantes, mas menos favorecidas. Não é o nosso caso. A Art Chicago é uma feira muito comercial. Damos toda a infra-estrutura, pagamos muita publicidade, trazemos compradores importantes para a cidade. Percebemos que somos apenas uma extensão do mercado de arte e tudo o que podemos fazer é manipulá-lo no sentido de ser proveitoso para os galeristas", diz Blackman.
"A feira é uma ferramenta do mercado e os galeristas devem fazer um sacrifício para apresentar seus artistas no evento e tentar recuperar seu investimento. Sabemos que muitas galerias sul-americanas são ótimas, mas não podemos subvencioná-las. Não pretendemos ser um museu. Tentamos encontrar os melhores galeristas, mas são países como Brasil ou Venezuela que devem sair de suas fronteiras", acrescenta.
Blackman diz que entende de arte, mas é principalmente um negociante. "Eu era um estudante de arte e ainda hoje gosto muito de arte, sou um colecionador e vou ver muitas exposições", diz.
Perguntado sobre arte contemporânea brasileira, diz que não a conhece o bastante e não cita nenhum nome. Uma retrospectiva de trabalhos do artista plástico brasileiro Leonilson (1957-1993) estará sendo exibida na cidade simultaneamente à Art Chicago 96.

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