São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Covas saneia energéticas e piora qualidade do serviço

DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor paulista ficou mais horas sem energia elétrica em 95, primeiro ano do governo Mário Covas (PSDB), caracterizado por um programa de saneamento e de preparação das empresas do setor para a privatização.
A piora da qualidade, principalmente na capital e na Grande São Paulo (regiões com maior número de consumidores entre as empresas estatais), é demonstrada por índices internacionais de avaliação de eficiência.
Uma avaliação desses índices mostra que cada um dos 20 milhões de consumidores dessas regiões ficou, em média, dez horas e 55 minutos sem receber energia elétrica em 95, quase uma hora a mais do que em 94.
Tanto defensores da privatização -cujo projeto, elaborado pelo governo Covas, está em tramitação na Assembléia Legislativa- quanto adversários da proposta atribuem a queda da qualidade do serviço à falta de manutenção do sistema, gerada pelo saneamento imposto pelo governo tucano.
A Eletropaulo cortou 4.654 funcionários. A Cesp cortou 6.301.
O diretor do departamento de infra-estrutura da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Luiz Gonzaga Bertelli, é um dos que atribuem a piora da qualidade à falta de uma política clara para o setor e de manutenção do sistema.
Prejuízos
"As interrupções no fornecimento decorrem da falta da manutenção, o que para nós significa prejuízo", diz Bertelli.
Pelo menos 70% das 3.500 empresas filiadas à Associação Brasileira da Indústria de Material Plástico, por exemplo, tiveram perda de produtividade em 95 com a queda de qualidade dos serviços.
Embora acredite que a solução venha com a privatização, Bertelli diz que a iniciativa privada ainda não foi atraída a investir no setor devido à falta de regras "claras".
Apesar de os balanços da Cesp e Eletropaulo terem apresentado em 95 resultados inferiores aos de 94, o governo festeja o desempenho. Em 94, a valorização do real frente ao dólar favoreceu as empresas endividadas em moeda americana.
Assim, apesar de um resultado contábil pior, a situação financeira das empresas teria melhorado.
O prejuízo da Eletropaulo passou de R$ 54,4 milhões em 94 para R$ 489,7 milhões em 95 -um aumento de 800%. Na Cesp, o prejuízo foi de R$ 193 milhões, contra um lucro de R$ 410 milhões em 94.

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