São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Professor sai após exercício polêmico

RODRIGO BERTOLOTTO
LUCIA MARTINS

RODRIGO BERTOLOTTO; LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Alunas acusam biólogo de 'exagerar' em atividade de 'sensibilização' em excursão

Um exercício de "sensibilização" feito em uma caverna com alunos do 3º ano do 2º grau provocou a saída de Zysman Neiman, professor de biologia do Colégio Logos (Jardins, zona oeste de SP).
Durante uma excursão entre os dias 12 e 14 do mês passado, Neiman propôs a seus alunos várias atividades de educação ambiental, uma delas com o objetivo de, segundo ele, desenvolver a percepção pelo tato.
O exercício consistia em fazer o grupo -composto por ele, três alunos e cinco alunas- se tocar mutuamente. Toda a atividade foi feita em uma caverna escura no parque estadual do Alto Ribeira (sudeste do Estado de São Paulo).
Na segunda-feira após a viagem, duas alunas foram até a direção da escola reclamar do comportamento do professor. Ele teria "exagerado" durante os exercícios.
Neiman, 33, que trabalhava havia dez anos no colégio, foi chamado para uma conversa com a direção. "Houve uma quebra de confiança e, por isso, decidi apresentar minha carta de demissão."
Ele afirma que "não passou dos limites da moral" e que os exercícios tinham o objetivo de desenvolver a percepção dos estudantes.
Neiman era o organizador oficial das excursões anuais promovidas pela direção para alunos de 2º grau havia oito anos.
As alunas que fizeram a denúncia contra Neiman se recusaram a falar com a reportagem da Folha. Alegaram que preferiam não se expor publicamente.
Segundo uma aluna que participou da excursão, após propor o exercício, o professor teria tocado as meninas em "partes íntimas".
Segundo ela, que não quis se identificar com medo de represália da direção, Neiman era um professor conceituado, mas era alvo de rumores em relação ao seu comportamento durante as excursões.
"Tenho uma imagem como educador ambiental. Eu não seria burro de praticar assédio sexual em uma atividade tão oficial. Seria me expor à guilhotina pública", diz Neiman (leia texto ao lado).
A diretora do 2º grau, Célia Sampaio, não quis comentar o caso. Segundo ela, todos os problemas do colégio têm que ser resolvidos no "âmbito da escola".

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