São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
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Franceses querem fechar 'escola radioativa'

Crianças francesas voltaram ontem a uma escola em Nogent-sur-Marne, perto de Paris, depois que seus pais perderam um novo round na briga para tentar fechar o estabelecimento, por causa de vazamentos radioativos ligados ao trabalho da Prêmio Nobel Marie Curie.
O jardim-de-infância foi construído em 1969 no terreno do laboratório onde Curie fez experimentos pioneiros em extração de rádio, elemento que mais tarde seria usado em tratamentos de câncer com radioterapia.
Fechada em dezembro após níveis preocupantes do gás radônio serem detectados dentro das classes, a escola reabriu depois de reformas para vedar vazamentos do depósito de lixo sob o prédio deixado pelas pesquisas de Curie.
A própria Curie morreu em consequência de contaminação radioativa, em 1934. O rádio é uma fonte do gás radônio, que pode causar câncer do pulmão.
"Nogent-sur-Marne deveria ser comparada a Tchernobil", disse Dominique Neuville, 38, cujo filho Martin frequenta a escola para crianças de três a seis anos.
"A escola é segura", disse Hervé Debaecker, do conselho municipal. Ele disse que os níveis estão de acordo com limites europeus.
Grande parte dos pais sentiu-se tranquilizada o suficiente para deixar que seus filhos voltassem à escola -há cinco meses em outras escolas da região, as crianças ficaram felizes por rever amigos.
Mas alguns mantiveram seus filhos afastados em protesto ou distribuíram panfletos pedindo que o colégio seja fechado.
Novos sistemas de ventilação foram instalados para dispersar qualquer presença do gás radônio, rachaduras em uma grossa camada de concreto colocada no porão há uma década foram fechadas, e o playground, novamente pavimentado.
O casal Pierre e Marie Curie, que descobriu o rádio em 1902, usaram um laboratório primitivo para extrair o elemento de aproximadamente 1.200 toneladas de minério de urânio.
"O ideal seria fechar a escola", disse Jean-François Fage, marido da diretora do colégio, que morou no terreno da escola por dez anos. "Cientistas dizem que é seguro, mas o problema é psicológico."
O conselho municipal afirma querer fechar a escola a longo prazo, mas alega estar sem dinheiro.

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