São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Descumprimento; Boeing serviçal; Outra interpretação; Ataque injustificado; Terror atual; Comentários; Elogio; A saída

Descumprimento
"Cumprimento a Folha pelo seu firme posicionamento a favor de políticas de combate à miséria, como é o caso de programas de renda mínima.
O governo do Estado de São Paulo está descumprindo a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 1996 ao não implementar o programa de bolsas-auxílio para crianças de famílias de baixa renda que frequentam as escolas da rede estadual de ensino.
Emenda à LDO com essa determinação foi aprovada por unanimidade pela Assembléia Legislativa."
Cesar Callegari, deputado estadual pelo PMDB (São Paulo, SP)

Boeing serviçal
"O governo FHC centra suas diretrizes na inserção subordinada à lógica dos países ditos desenvolvidos com a contrapartida do desemprego e a perda de poder aquisitivo (de acordo com quadro do salário mínimo publicado pela Folha).
Segundo dado recente de uma revista americana, o Brasil repetirá a derrocada do México.
Só nos resta saber se assistiremos à colisão do avião sobre as rochas ou se mudaremos o rumo desse 'boeing serviçal'."
José Eduardo Seraphim, coordenador da Cives -Associação Brasileira dos Empresários pela Cidadania (São Paulo, SP)

Outra interpretação
"Sobre o artigo "Israel, o Líbano e o processo de paz" (24/4), da consulesa-geral de Israel em São Paulo: nenhum vínculo me liga ao Hizbollah. Entretanto, discordo da sra. consulesa quando insiste em rotular o Hizbollah de 'terrorista'.
Diante da ocupação militar do território libanês, em cínico desafio à Carta da ONU, cidadãos libaneses organizaram-se para lutar contra a ocupação de suas terras pelo Exército de Israel.
Isso é luta legítima de libertação!
As últimas agressões ao Líbano por Israel são, sim, puro terrorismo de Estado. Israel atacou o Líbano há 20 dias e massacrou mais de uma centena de inocentes.
Em 1993 selou-se um acordo entre Israel e o Hizbollah, mediado pelos EUA, cujo conteúdo rezava que nenhuma das partes atacaria civis.
Mas Israel, em 8/4, matou um jovem libanês, menor de idade, e feriu gravemente dois meninos que o acompanhavam.
O Hizbollah achou-se no direito de revidar e o fez, com o lançamento de alguns Katiuchas. Israel aproveitou-se disso e lançou sua operação Vinhas da Ira, que não visou o Hizbollah e sim o Líbano como um todo.
Por último, a sra. diz que o Estado de Israel tem quase 50 anos. E antes? A quem pertencia a Palestina? O Golã? E o sul do Líbano?"
Mohamad Ahmad Abou Fares, conselheiro de Cultura e Informações, para o Brasil e América do Sul, da Liga Islâmica Mundial (Lisboa, Portugal)

Ataque injustificado
"Em artigo em 26/4, o jurista Ives Gandra da Silva Martins lança um ataque à estatística quando afirma que o deputado Antonio Kandir 'utilizou-se da estatística para suas conclusões, que é a ciência que torna científica a mentira...'.
Creio que tal ataque à ciência estatística é injustificado. A estatística é uma ciência dedicada à descrição quantitativa da realidade. A interpretação dos resultados, essa é de responsabilidade de cada um.
É como se o termômetro fosse responsável por julgar a temperatura do paciente, e não quem usa o termômetro.
O jurista se contradiz ao também fazer uso de estatísticas em seu argumento de defesa da Justiça, como quando conta artigos da Constituição, o número de julgadores existentes ou quando menciona 'crescimento fantástico do número de ações'."
Pedro L.N. Silva (Southampton, Inglaterra)

Terror atual
"Muito oportuno o artigo de Otavio Frias Filho intitulado '1984'. Compartilho de sua inquietação em relação à crescente 'fé' inabalável numa 'coisa' chamada 'mercado'.
Do meu ponto de vista, a imposição devastadora e totalitária do pensamento neoliberal assemelha-se ao ocorrido na chamada 'Revolução Cultural' da China.
Os meios são diferentes, mas o propósito é o mesmo. Havia 'esquecido' do livro '1984', que também me aterrorizou na adolescência. Sem dúvida, muito atual."
Maria Lúcia L.M. Pádua Lima (São Paulo, SP)

Comentários
"Sobre a coluna do ombudsman de 31/3: gostei do quadro estatístico apresentado. No meu caso, a impressão estava péssima, mas ainda legível.
Fica uma dúvida: o 'Painel do Leitor' é subordinado ao ombudsman?
Se não é subordinado, deveria sê-lo. Aí, talvez, o leitor comum teria preferência, e não políticos respondendo ou reclamando de reportagens sobre eles mesmos. Para isso a Folha deveria ter uma seção própria.
Quanto a essa questão dos resultados esportivos, considero uma vergonha a Folha não apresentá-los e ainda oferecer um serviço de telefone 900 para vender a informação que deveria estar no jornal.
Se não tem capacidade de colocar os dados em tempo no jornal, que preste um serviço de telefone normal para divulgá-los.
A meu ver, os colunistas são a 'alma' do jornal. Sem o jornalismo opinativo as notícias morrem em si mesmas.
Os colunistas 'conversam' com o leitor, apresentando suas opiniões embasadas em suas experiências pessoais e profissionais, e talvez por isso recebam mais cartas de 'resposta'.
Tudo isso, mais o noticiário competente, fazem da Folha o maior jornal do Brasil e um dos maiores do mundo.
Nós leitores estamos ficando cada vez mais exigentes e a Folha responde bem a isso, mantendo o ombudsman, função essencial para detectar essas exigências."
Radoico Câmara Guimarães (São Paulo, SP)

Elogio
"Assim como criticamos a AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa) pela sua campanha de Natal, manifestamos, agora, nossa satisfação pela atual propaganda que está sendo veiculada pela televisão.
Iniciativas dessa natureza servem para melhorar a imagem das pessoas portadoras de deficiência e promover sua participação plena em igualdade de condições."
Rui Bianchi do Nascimento, diretor-executivo do Cedipod -Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência (São Paulo, SP)

A saída
"O único caminho para 'varrer a miséria e a fome do mapa do Brasil' passa inexoravelmente pela agricultura.
Com uma agricultura forte, auto-sustentável, não só tiraríamos da marginalidade os 17 milhões de miseráveis como ganharíamos excedentes exportáveis, contribuindo para melhoria de nossa balança comercial.
Com 0,7% do PIB (estudo do Banco Mundial) bem direcionado -por meio de um Ministério da Agricultura forte e atuante- seremos, sim, uma nação desenvolvida, exemplo -e não vergonha- para o mundo."
Lécio Silva (Uberaba, MG)

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