São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Importadores temem protecionismo

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A ascensão do deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), 61, a ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo foi comemorada pelos industriais do Rio e vista com apreensão pelos importadores.
Dornelles toma posse hoje em Brasília. Os importadores temem a chegada, junto com o deputado do PPB, de uma onda protecionista ao ministério.
Embora sem assumirem abertamente, setores ligados à AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) comentam que Dornelles tem um perfil nacionalista, oriundo de sua formação na Fundação Getúlio Vargas, que pode levá-lo a criar obstáculos às importações.
Esse temor é atenuado pelo fato de o Brasil estar relativamente amarrado, em termos de tarifas de importação, por seus compromissos internacionais, especialmente o Mercosul, não tendo muito espaço para mexer nas alíquotas.
Para o economista Carlos Von Dolliger, um dos secretários de Dornelles quando ele foi ministro da Fazenda (1985), o temor é injustificado.
Na sua avaliação, ressalvada pelo fato de não trabalhar com o deputado há muito tempo, o que o pepebista deve fazer é reforçar os mecanismos antidumping da legislação brasileira para combater a entrada no país de produtos artificialmente baratos.
Com formação eminentemente técnica, o desempenho político do economista e tributarista Dornelles -deputado federal há três legislaturas seguidas- é creditado em grande parte à sua ligação com setores industriais do Rio.
O deputado adotou o Estado como berço político, embora seja mineiro de São João Del Rey, como seu tio Tancredo Neves.
Presente a todos os principais eventos da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e muito ligado ao seu atual presidente, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Dornelles é considerado um dos principais articuladores do surgimento do regionalismo político no Rio.
Em discurso na Câmara dos Deputados, em 24 de abril, ele defendeu uma "pauta mínima" de reivindicações dos empresários do Rio, tirada no dia 15 do mesmo mês na Plenária do Empresariado fluminense, da qual participou.
Em discurso, defendeu desde a conclusão da usina nuclear de Angra 2 até a criação de um centro financeiro internacional no Estado, passando pela reativação da indústria naval, setor industrial fluminense ao qual ele está mais ligado.

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