São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Dívida social deve ser paga, afirma FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, durante reunião de avaliação das ações sociais do governo, que "a dívida social, que é imensa (...) tem que ser paga em prestações -mas tem que ser paga".
Segundo o presidente, "a sociedade está cada vez mais ansiosa por resultados, cada vez menos tolerante, ao ponto tal que se dá a impressão que se quer que a dívida social seja paga em um ano".
Fernando Henrique disse que, para compensar isso, "(nós, o governo) precisamos aumentar a eficiência das políticas sociais".
"Nós devemos fazer, com essa questão social, com a questão das reformas e as transformações sociais o mesmo que nós fizemos na economia", afirmou o presidente.
O Brasil cansou
"Nós temos de enfrentar as causas efetivas e não simplesmente fazermos brilharecos, lampejos de que estamos tendo um belo gesto. O país cansou de belos gestos apenas, que não têm consequência em seguida", completou.
Respondendo às críticas de que falta um plano social para o seu governo, FHC declarou que não fará nada sistematizado.
"Plano é uma idéia um pouco antiga. (...) Quem imagina que com um plano pode resolver as coisas... meu Deus... está velho, tem décadas!", disse.
"Plano hoje é convicção, motivação e até mesmo confusão... uma certa tensão -desde que ela seja criadora e aponte um certo rumo", afirmou o presidente.
Lembrou que falava "como planejador" que fez projetos sociais para o Uruguai e Peru "e que nenhum deles foi implementado, de verdade".
Social x econômico
A fala de FHC serviu de resposta às críticas que recebeu nos últimos dias, em especial dos integrantes do conselho do Programa Comunidade Solidária.
"Reclamem, critiquem, entrem em crise... não tem importância", disse FHC, antes de convocar a platéia de 11 ministros e cerca de 50 representantes da sociedade civil ligados à área social para um apelo: "Eu preciso de vocês. Não sou eu não. O Brasil precisa de nós".
Em vez de anunciar uma política única de ação, afirmou que "as políticas sociais têm de mudar de ênfase" e que continuará trabalhando com o crescimento econômico e social, paralelamente.
"Não podemos pensar o social com as categorias do passado. Seria imaginar que a economia vai para um lado e que ninguém olha para ela (...) isso não vai dar certo, não funciona".
FHC disse que é preciso "uma visão de futuro" e que se tem de pensar nas crianças.
Na reunião, apenas FHC falou. Durante uma hora e 21 minutos, o presidente usou dados econômicos para falar de crescimento social e vice-versa, usando o recurso de 23 quadros preparados por assessores, projetados num sistema de televisão.

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