São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Notícia choca e surpreende professores e colegas

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Márcia Maleckas Carrasco é uma aluna "ótima", tem média acima de sete, é representante de classe e "faz tudo pelos amigos".
Esse é o perfil traçado pelos colegas e professores de Márcia na Universidade Mackenzie (centro de SP), onde ela cursa o quarto semestre de engenharia elétrica.
"Fiquei perplexo. Ela era uma aluna interessada, sentava na frente, nunca faltava, estava sempre atenta. Na semana passada, depois de fazer prova, ela ainda me perguntou sobre o que eu achava do seu desempenho", diz Antonio Carlos Bragança, professor de fenômenos de transporte.
Terezinha Masson, que dá aula de física, concorda com Bragança: "Ela tinha cara de menininha. Uma aluna completamente normal, aplicada, comportada. Não sei o que deu nessa menina".
Histórico
O histórico escolar de Márcia confirma os elogios dos professores. Ela tem média acima de sete e, das cerca de 20 disciplinas feitas até agora, em apenas duas delas foi reprovada -um índice baixo, segundo o diretor da Escola de Engenharia, Marcel Mendes.
Mendes disse que Márcia nunca teve problemas de mau comportamento, não faltava muito e estava em dia com as mensalidades (pagava cerca de R$ 270,00 por mês).
Para os colegas, o sequestro também foi uma "surpresa". "Ela nunca me disse nada sobre qualquer dificuldade ou problema que estivesse tendo. Estou muito triste, porque ela era uma ótima amiga", disse Claudia Ferreira, 22.
Márcia costumava dormir na casa de Claudia na véspera das provas, para estudarem juntas. "Ela sempre me contava das brigas com o namorado, mas eram problemas comuns, ciúme etc."
"Para mim, alguém fez a cabeça dela. Ela é bobinha", disse José Manuel Henriques, 24, outro colega de classe, que às vezes dava carona para Márcia na volta para casa, na zona leste.
Ontem, o sequestro era o principal assunto nos corredores da universidade. Um recorte de uma reportagem sobre o caso foi pregado sobre uma mesa na entrada da sala dos professores, no caminho de quem chegava.
O nome de Márcia ainda constava no mural com a lista de horários dos monitores da disciplina de eletricidade, na qual ela colaborava.
"Ela era uma garota excelente, sempre disposta a participar de tudo nas aulas. Nunca poderia imaginar", afirmou o professor de eletricidade, Paulo Guerra Júnior.
Família
Os pais de Márcia não quiseram dar entrevistas ontem. Mércia, sua irmã, disse que eles haviam tomado calmantes.
Mércia também não quis comentar o sequestro. Disse apenas que "sua irmã era excelente em casa". "Ela sempre conversava comigo sobre tudo, mas nunca falou nada sobre esses problemas (o fato de estar sendo pressionada por um agiota)."

Texto Anterior: Estado é responsável
Próximo Texto: Idéia foi de Márcia, diz irmã de namorado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.