São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'O Fim do Mundo' foi caso de emergência

ELVIS CESAR BONASSA
ARMANDO ANTENORE

ELVIS CESAR BONASSA; ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Teste de novo formato" foi o batismo dado pela Rede Globo para enfrentar uma crise em sua produção

"O Fim do Mundo", novela de 35 capítulos de Dias Gomes, estreou ontem na Globo sob o rótulo de "teste de um novo formato". Esse batismo é uma jogada de marketing da emissora para enfrentar uma crise em sua produção. O "teste" é, na realidade, uma operação de emergência.
"Explode Coração", de Glória Perez, teria entre 180 e 200 capítulos. Foi abortada com apenas 130. A causa: variações de Ibope -para baixo- e avaliação da direção da emissora de que a trama não teria fôlego suficiente para se sustentar por muito tempo.
No lugar de "Explode Coração" entraria "O Rei do Gado", de Benedito Ruy Barbosa. Mas não deu tempo. O ritmo lento da produção, comandada pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, impediu que ficassem prontos capítulos suficientes para estrear ontem.
A solução encontrada pela Globo foi pegar o texto de Dias Gomes, planejado originalmente para ser uma minissérie, entregar a direção para os experientes Paulo Ubiratan e Gonzaga Blota e gravar em ritmo frenético.
Crise de autores
A crise das novelas deve se aprofundar na Globo. Os autores resistem cada vez mais a escrever nos moldes tradicionais, produzindo capítulos com a novela já no ar -e Dias Gomes foi o pioneiro de tal resistência.
A novela tradicional obriga os autores frequentemente a adaptar a trama de acordo com as pesquisas de opinião e os resultados de Ibope.
Gloria Perez foi vítima disso, com "Explode Coração". Pressionada pela queda dos números de Ibope, inverteu as tramas da novela -passando a história dos ciganos para segundo plano.
Foi também obrigada a um "tour de force" no último capítulo para tentar resolver todos os fios da narrativa que deveria se estender ainda por mais 50 capítulos.
No caso de minisséries, o autor não passa por essas situações. Entrega o texto fechado antes do início das gravações. Fica imune aos resultados da audiência e às pressões da direção por alterações na trama.
Atores
A síndrome antinovela ataca também os atores. O caso mais recente é o de Cláudia Abreu. Fechou um acordo com a Globo para ficar fora de novelas até pelo menos fevereiro de 97. Até lá, só faz minisséries e especiais.
Os custos de uma novela curta são mais altos do que os de um novelão. Os gastos fixos de produção praticamente equivalem aos de uma novela longa, mas são diluídos em um espaço de tempo menor.

Texto Anterior: Viúva se identifica com a trama
Próximo Texto: Grupo chileno vai apresentar "El Desquite", de Roberto Parra
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.