São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 1996
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Tampa disfarçava buraco feito na parede

LUCIA MARTINS; MALU GASPAR; MARCELO GODOY; ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma tampa de concreto, parecida com a de um alçapão, foi o principal disfarce usado pelos presos que fugiram do pavilhão 7 para esconder a entrada do túnel na sala de laborterapia.
A sala de laborterapia tem cerca de 16 m2 e fica no térreo. Ao lado estão a sala da assistência judiciária, a capela e as oficinas do pavilhão. Os presos trabalham durante o dia. À noite, são trancados em celas do primeiro ao quarto andar. Não há celas no térreo.
Cavada na parede, a abertura do túnel também ficava escondida por uma mesa. A tampa era feita de concreto e se encaixava perfeitamente no buraco.
Os presos também usaram massa e cimento para esconder a junção da tampa. Por apenas cinco centímetros, os detentos não atravessaram a parede que divide a laborterapia e outra sala quando abriram o buraco.
A entrada do túnel é vertical e tem cerca de um metro e meio de inclinação. Em seguida, continua a descer, até atingir cerca de dois metros de profundidade.
O caminho, com cerca de 60 centímetros de diâmetro, atravessa por baixo o pavilhão 7, passa pelo pátio do presídio e atinge a muralha, após percorrer 40 metros.
O alicerce do muro da Detenção tem três metros de profundidade. Os presos precisaram abrir um buraco na muralha para prosseguir.
Mais à frente, eles não puderam evitar que um trecho do túnel fosse alagado, pois o terreno escavado era um antigo charco. Por isso, os fugitivos atravessaram cerca de três metros do trajeto da fuga embaixo d'água.

Cinema
"Não me leve a mal, mas foi coisa de cinema mesmo", disse o preso Rodnei Hernandes, 25, um dos fugitivos recapturados.
Segundo a PM, a terra escavada era retirada do túnel por meio de pequenos sacos plásticos e jogada pelos detentos em canos de esgoto.
Além dos ventiladores, os presos também teriam usado bombas semelhantes a dos remédios contra asma, a fim de respirar durante a escavação do buraco e a fuga.
Ventiladores e fiação elétrica foram achados quando uma escavadeira destruiu o caminho do túnel na parte exterior do presídio. O trator também encontrou botas e calças. (LM, MGs, MG e RSc)

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