São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 1996
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Mar sem Sul

JUCA KFOURI

Os paulistas do Corinthians e os gaúchos do Grêmio estão nas quartas-de-final da Libertadores. Como no ano passado, quando, em vez do Corinthians, foi o Palmeiras que representou São Paulo.
Aliás, então, o Grêmio desclassificou o Palmeiras, e o Corinthians ganhou a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista, coisa que os palmeirenses juram que se repetirá com sinais trocados -o Palmeiras será campeão da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista, e o Grêmio desclassificará o Corinthians. É bem provável.
Mas o que importa, agora, é voltar ao tema da pouca importância que o futebol carioca dá à Libertadores.
Veja só: com quatro clubes grandes, o futebol paulista disputou oito finais de Libertadores. Com dois grandes, os gaúchos disputaram quatro decisões. E os mineiros, também com dois, chegaram a duas finais.
Já os cariocas, com o mesmo número de clubes grandes de São Paulo, foram a apenas uma decisão. Por quê?
A resposta é um enorme "não sei"! O que sei é que há uma desproporção colossal.
Porque quando a competição é nacional o equilíbrio é indiscutível. Desde que existe o assim chamado Campeonato Brasileiro, a partir de 1971, paulistas e cariocas ganharam 18 títulos, 9 para cada Estado, e os gaúchos foram 4 vezes campeões. Aqui, a dívida é mineira, com apenas uma conquista, igual aos paranaenses e baianos (e não me venham com o Sport em 1987).
Será que, nas disputas nacionais, os cariocas ainda topam um esforço, mas que, quando se trata de enfrentar argentinos, uruguaios e outros hermanos, a batalha é demasiada para o festivo espírito do Maracanã?
Pode ser até que a explicação seja a mesma para a superioridade de argentinos (16 vezes campeões da Libertadores) e dos uruguaios (8 títulos), com apenas dois clubes, em relação ao futebol brasileiro, 7 vezes campeão em 35 anos de história. Pode ser.
Mas o fato indiscutível é o seguinte: com TV nos dois casos, enquanto apenas 16 mil torcedores foram ao Maracanã para ver Botafogo e Grêmio, o dobro foi ao Olímpico ver Grêmio e Botafogo.
Conclusão: o Rio não está nem aí para o Mercosul.
*
Atendendo a justas reclamações, enquanto ainda é tempo: Marcelinho merecia ter sido expulso contra o Palmeiras e, assim, não teria feito o gol que empatou o clássico.

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