São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 1996
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'Ridicule' decepciona

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

"Ridicule" (Ridículo), de Patrice Leconte, estreou ontem nas salas de cinema na França horas antes de oficialmente abrir o 49º Festival Internacional de Cinema de Cannes.
Patrice Leconte tem lugar garantido entre as poucas revelações francesas dos últimos 20 anos, sobretudo devido a filmes como "Um Homem Meio Esquisito" (1988) e "O Marido da Cabelereira" (1990).
Em alguns momentos, "Ridicule" desperta graças ao resgate da expressividade da face humana pelo recurso ao "close". Uma atriz como Fanny Ardant, que faz uma viúva aristocrata tipicamente manipuladora, é um convite ao "close".
O mesmo vale para o rosto belo e fresco de Judith Godreche, que disputa com Ardant as atenções do herói iluminista. O engenheiro Gregoire Ponceludon de Malavoy, vivido por Charles Berling.
Na verdade, mais do que retratar os conflitos de classe ou as regras da etiqueta da França pré-revolucionária, mais do que satirizar à moda "Ligações Perigosas" os jogos de amor da aristocracia, "Ridicule" é um filme sobre o poder da palavra.
O retrato de época passa a segundo plano. Enquanto o roteiro data, o filme atemporaliza, com os planos fechados como que lutando contra cenários e figurinos.
O duelo verbal e a curva das emoções sobrepõem-se ao balé da etiqueta e à reconstituição histórica. Leconte busca a individualidade das almas.

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