São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Salas de aula reproduzem 'má distribuição do ensino'

DA REPORTAGEM LOCAL

O saber, como a renda, é distribuído hoje no Brasil de forma a reiterar as diferenças sociais. A "má distribuição do ensino" é evidente quando se entra dentro das salas de aula. Longe das estatísticas e dos relatórios internacionais, o dia-a-dia das escolas mostra que a "dívida social" começa a ser debitada muito cedo.
Durante duas semanas, a reportagem da Folha assistiu a aulas na 3ª série do 1º grau de sete escolas do país: seis públicas e uma particular (veja mapa e quadro).
Os contrastes são gritantes. Professores erram concordância, alunos de 15 anos mal sabem ler, salas misturam estudantes da 1ª à 4ª série, crianças ficam sem merenda.
Na outra ponta, em um colégio particular, laboratórios atendem turmas reduzidas, há lições de flauta e aulas de matemática ilustradas por vídeos.
A crueza da situação é resumida por um menino de 9 anos do Colégio Santa Cruz. Em uma discussão sobre racismo, a professora perguntou: "O importante é a cor da pele?". Pedro respondeu que não: "O importante é ser rico".

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