São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996 |
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Primeira indenização sai na segunda
PAULO SILVA PINTO
Ela é mãe do mecânico de aeronaves José Huberto Mazzaferro Bronca, morto em 1974 na guerrilha do Araguaia, de acordo com registros da Marinha, aos 40 anos. "Eu tive prioridade por causa da idade", disse Ermelinda à Folha, por telefone, de sua casa, em Porto Alegre. Ela não pretende tocar no dinheiro. Ficará tudo à disposição das famílias de desaparecidos políticos para os trabalhos de procura dos corpos dos desaparecidos. "De material, nós temos tudo", disse a filha, a médica Maria Helena, 58. Hipertensa e infartada, Ermelinda viaja amanhã para Brasília com um sortimento de remédios na bagagem. "Ela vai se emocionar no encontro com o presidente", disse Maria Helena. "Faz trinta anos" A última vez em que Ermelinda viu o filho foi no dia 21 de abril de 1966, oito anos antes de sua morte, de acordo com os registros da Marinha. "Faz trinta anos. Eu não sabia onde ele estava morando. Fui levada a uma casa, eu e meu marido, por amigos dele. Ele havia dito que queria se despedir de mim", diz. A família sabia que Huberto tinha militância política, mas não que era militante do PC do B. Em 1968, ficaram surpresos ao ver sua fotografia em folhetos como procurado pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Bronca era um quadro importante do partido. Depois da instalação do regime militar, em 1964, mudou-se para a China. Voltou clandestinamente em 1966. Foi um dos primeiros guerrilheiros a chegar ao Araguaia, em 73, onde comandou um destacamento. "Nunca me contaram que ele tinha morrido", disse Ermelinda. Até a Anistia, em 79, ela ainda acreditava que ele estivesse vivo. Plano Os primeiros sinais em contrário vieram com uma visita do hoje deputado José Genoino (PT-SP), também ex-guerrilheiro no Araguaia. Ele disse que não se devia ter esperanças. Bronca formou-se na primeira turma de mecânicos da Varig. A entrega da indenização, nesta segunda-feira, ocorre durante o lançamento do Plano Nacional de Direitos Humanos. Devem receber indenização as famílias dos 136 desaparecidos que estão na lista anexa à Lei dos Desaparecidos, preparada pelo chefe-de-gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori. Texto Anterior: Limite a MPs será votado em junho Próximo Texto: Criméia vai a suposto cemitério Índice |
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