São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Sem sucessor, premiê indiano renuncia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Índia, Narasimha Rao, renunciou ontem ao cargo, após o seu Partido do Congresso ter perdido as eleições parlamentares.
Ainda não se sabe quem vai assumir o posto. Dois grupos, o Bharatiya Janata (dos nacionalistas hindus) e a coligação Frente Nacional-Frente de Esquerda, estão próximos de obter a maioria no Congresso -e portanto o direito de formar o governo.
A apuração da maior parte dos 300 milhões de votos já deve estar encerrada hoje, permitindo a definição do novo cenário político do país.
A derrota lançou o Partido do Congresso em uma das maiores crises de seus 111 anos de existência. Desde a independência da Índia, em 1947, o partido só deixou o poder durante quatro anos.
Após uma breve reunião com seu gabinete ontem, Rao foi encontrar o presidente Shankar Dayal Sharma e apresentou sua renúncia, que já era esperada desde que as primeiras pesquisas de boca-de-urna indicaram a derrota do Partido do Congresso.
A última decisão do gabinete foi adotar uma resolução louvando os esforços de Rao no sentido de abrir a economia indiana.
O presidente pediu a Rao que permaneça no cargo até a formação de um novo governo.
O Bharatiya Janata (pronuncia-se "bárrtia djanta"), que será sozinho o maior partido do novo Parlamento, é favorito para formar o novo governo.
Tradicionalmente, o presidente indica como premiê o líder do maior partido no Parlamento.
O partido espera conseguir entre 175 e 180 das 545 cadeiras, contra as 120 que havia obtido em 1991. Em 1984, o partido conseguira apenas duas cadeiras. Caso obtenha a maioria, Atal Behari Vajpayee deve ser o novo premiê.
Mas o bloco de esquerda, liderado pelo partido Janata Dal, disse que vai conseguir o apoio de pequenos partidos regionais, tornando-se assim força majoritária e habilitando-se ao governo.
O bloco espera alcançar entre 140 e 150 cadeiras, além do apoio de mais cem deputados (entre eles parte do Partido do Congresso).
A divisão do eleitorado, o fim do governo liberal de Rao e a incerteza quanto ao novo governo abalaram o mercado financeiro.
A cotação da rúpia caiu. A Bolsa de Valores de Bombaim, centro financeiro do país, chegou a cair 1,8 ponto, mas se recuperou à tarde.
No Partido do Congresso, a crise fez com que a cúpula fosse à casa de Sonia Gandhi, 48, viúva do premiê Rajiv Gandhi (assassinado em 1991), pedir que ela assumisse o comando do partido. Ela é italiana.

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