São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996 |
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Laudo omite 'toda a verdade'
CRISTINA GRILLO
"O laudo dele é um dos mais completos, extremamente descritivo", diz Iara Xavier Pereira. Segundo Nelson Massini, Shibata usou uma tática comum na época. "Tudo o que ele escreve no laudo é verdade, mas ele não escreve toda a verdade", diz. Como exemplo, ele cita o fato de Shibata não explicar no laudo que o tiro que atingiu Marighella no tórax foi disparado a curta distância. Harry Shibata trabalhava no Instituto Médico Legal de São Paulo e fez vários laudos cadavéricos de militantes políticos. Seu laudo faz uma descrição quase completa dos ferimentos de Marighella. Ao escrever sobre o ferimento na região do queixo, deixa claro que o tiro foi disparado de cima para baixo. "Na região mentoniana...observam-se dois ferimentos sendo o primeiro...com bordas deprimidas características de orifício de entrada... Logo abaixo...verifica-se outro ferimento...com bordas evertidas...característica de ferimento de saída de projétil de arma de fogo." Essa anotação, comparada com a perícia do carro, levou Massini a afirmar em sua análise ser difícil explicar como o disparo "teve a direção de cima para baixo e ter atingido a vítima dentro do veículo". Texto Anterior: Brasil vivia guerra aberta em novembro de 1969 Próximo Texto: Frei contradiz versão oficial Índice |
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