São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Ex-franqueado abre o seu negócio

ALESSANDRA KIANEK
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Praticamente todas as tentativas do empresário Cássio Haig Vartanian, 35, de montar o seu próprio negócio, sob o sistema de franchising, não deram certo.
As investidas foram em três franquias diferentes da área de alimentação -e sob um sistema de cotas divididas entre uma cooperativa de franqueados.
Para não arriscar todo o seu capital em uma só franquia, Vartanian aplicou em três: Micheluccio Pizzas, Pastel & Amor e Mister Sheik (comida árabe).
"Escolhi o sistema de franchising por achar que seria um começo menos arriscado", afirma o empresário. Mas os resultados mostram que ele se enganou.
No sistema de cooperativa, explica ele, é avaliado quanto vai custar a franquia, e a sociedade é dividida em dez cotas.
Portanto cada participante tem no mínimo nove sócios. "Na Pastel & Amor, cheguei a ter 16 sócios", afirma.
Segundo Vartanian, quem administra a loja é um dos sócios, escolhido pela cooperativa. Esse sócio-administrador deve ter no mínimo 10% das cotas.
No final do mês, ele recebe um pró-labore fixo, mais os lucros da sociedade, que são avaliados em reuniões mensais.
Acabou em pizza
A Micheluccio do shopping Fiesta, em Santo Amaro (zona sul de São Paulo), abriu em fevereiro e fechou em agosto de 95.
Para ele, não deu certo porque o ponto era ruim. "Foi previsto faturamento de R$ 20 mil a R$ 25 mil. Nos seis primeiros meses, faturava R$ 5.000 e tinha um custo operacional de R$ 10 mil."
A loja Pastel & Amor, que abriu em dezembro de 94 e fechou em outubro de 95, era em frente ao metrô Anhangabaú (zona central de São Paulo), aparentemente um bom ponto comercial.
Mas, para o empresário, a variedade dos produtos era pequena, e os preços estavam altos para o local: "Completamente fora dos praticados nos estabelecimentos daquela região".
Hoje, Vartanian administra -com cinco sócios- uma lanchonete no mesmo ponto da ex-Pastel & Amor.
A terceira franquia aberta por ele -Mister Sheik- ainda resiste bravamente, instalada no shopping Metrópole, em São Bernardo do Campo (18 km a sudeste de São Paulo).
Segundo Vartanian, o ponto é muito bom. "O problema foi a administração ruim. A loja deu prejuízo, mas agora parece que vai indo bem", afirma.
Idoneidade
O empresário critica o sistema de cotas. "Não funciona." Os sócios não se conhecem, o nível cultural é variado e cada um tem seus próprios objetivos.
"Errei ao acreditar em pessoas que se disseram consultores e não tiveram padrões definidos."
Apesar de tudo, ele afirma confiar no sistema de franchising. Mas faz uma ressalva: "Só quando os franqueadores são sérios".
Para quem quer abrir uma franquia, ele aconselha: "Participe de cursos e seminários, visite várias lojas do franqueado, procure e converse com ex-franqueados e estimule o contato entre os franqueadores".

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