São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996 |
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O escritor retorna às raízes jornalísticas em "Noticia de un Secuestro"
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Depois de ser escolhido, no último dia 2, o maior escritor vivo, numa enquete feita pela revista suíça "L'Hebdo" junto a 18 críticos literários de todo o mundo, o colombiano Gabriel García Márquez deixa provisoriamente de lado a ficção e volta a suas raízes jornalísticas em seu último livro, "Noticia de un Secuestro".Lançada no mercado hispânico na última quarta-feira, a obra teve seus direitos de publicação no Brasil adquiridos, por US$ 250 mil, pela Editora Record, que promete o lançamento para dezembro. Em entrevista à revista "Cambio-16 Colombia", Márquez definiu seu trabalho como "uma reportagem clássica", na qual pôde realizar seu desejo de retornar ao jornalismo, atividade que praticava antes de se dedicar à literatura. O livro narra uma operação de sequestro feita na Colômbia por um braço armado do extinto cartel de Medellin, entre agosto de 1990 e julho de 1991, de nove jornalistas. Na elaboração da obra, Márquez entrevistou os protagonistas do sequestro e as famílias dos reféns mortos. Segundo o autor, "a obra não contém nenhuma linha imaginária, nenhum dado que não tenha sido comprovado". Durante a produção do livro, Márquez inclusive planejou entrevistar Pablo Escobar, um dos chefes do narcotráfico na Colômbia, mas este morreu antes que pudessem se encontrar. "O drama humano de um sequestro é de uma complexidade e de um arrebatamento que não se pode inventar num romance", argumenta Márquez para justificar a recusa de utilizar, desta vez, os artifícios da ficção. Márquez espera que em "Noticia de un Secuestro" "os colombianos possam ver o próprio horror, como num espelho". O Mais! publica a seguir uma entrevista com Gabriel García Márquez feita logo após a conclusão de "Noticia de un Secuestro" e um trecho do livro. Texto Anterior: García Márquez remexe nas feridas da Colômbia Próximo Texto: Lições da dor de Lear Índice |
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