São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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Público é mais produzido do que as obras

DO ENVIADO ESPECIAL

Fui convidado para a inauguração dos Années Romantiques no Grand Palais. O público é melhor que a exposição. Muito tailleur, muito lenço, muito óculos, muito dona Ruth, muito penteado.
E eles discutem de costas para os quadros: "É a supremacia da fantasia". "Não, não, é o reencontro da dimensão de Ingres com Delacroix". E uma bichona: "Adorei encontrar Courbert por aqui".
E a nossa guia encantada: "Sabe quem está aqui? Costa-Gravas". E nós, os jornalistas: "E o prefeito? Disseram que o prefeito viria". E quem conhece o prefeito? Nos respondeu uma francesa. Isso é a França! Um diretor de cinema tem muito mais prestígio que um político. Ia ser a morte do Maluf. A depressão do César Maia.
No próprio Grand Palais, a muito anunciada exposição de Corot. Eu achei um mico, "MiCorot!". É uma espécie de Benedito Calixto.
Esculturas ao ar livre na avenida Champs-Elysées. A céu aberto. Calder, Arp, Miró. E se Rodin tivesse conhecido o Raí teria feito uma escultura do Raí e não teria esculpido Balzac. Ao ar livre. Não precisa pagar, nem entrar, nem deixar nada na chapelaria.
Fomos à Ópera. Que chique! A Ópera de la Bastille. A nova. É uma beleza. Quero dizer, a arquitetura. Porque a ópera que fomos ver é uma bomba. "Billy Bud".
Meio Broadway, meio gay. Aposto que daqui a um ano vai ter um "Billy Bud" na versão do Wolf Maia, na base do sapateado, com o Raul Gazola no papel de Billy Bud!

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