São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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PFL ameaça mudar acordo da telefonia

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL ameaça romper o acordo que limita a participação de capital estrangeiro no setor de telefonia celular. A Câmara havia aprovado a proposta anteontem, após acordo fechado entre o PFL e PSDB.
O líder peefelista no Senado, Hugo Napoleão (PI), afirmou que o partido irá tentar mudar no Senado a proposta aprovada na Câmara, abrindo o setor ao capital estrangeiro sem limitações.
"Os senadores não participaram desse acordo", disse.
A proposta aprovada na Câmara, de autoria do governo, permite a restrição ao capital estrangeiro a 49% das ações com direito a voto nos próximos três anos.
O projeto conserva o controle do processo de abertura nas mãos do ministro Sérgio Motta (Comunicações), como queria o PSDB.
A aprovação da proposta só foi possível com o acordo feito com o PFL, que recuou na proposta de liberação total do setor.
O acordo parecia ter acalmado os dois partidos. As divergências sobre o assunto provocaram um tremor na base governista -inclusive com bate-boca entre os líderes do PFL e PSDB na Câmara.
"Precisamos manter o que veio da Câmara, que foi fruto de um processo de negociação", afirmou o líder dos tucanos no Senado, Sérgio Machado (CE).
No entanto, o líder peefelista no Senado afirmou que o texto aprovado na Câmara "descumpre o texto constitucional e está incoerente com as emendas de abertura do setor de telecomunicações", aprovadas no ano passado.
Napoleão disse que o governo "está dando marcha a ré". Segundo ele, a proposta de limitação ao capital estrangeiro no setor de telefonia cria precedente que pode ser reivindicado em outras áreas, como petróleo e mineração.
Mais nada
"Daqui a três anos, não tem mais nada para os estrangeiros no setor de telefonia celular, a não ser que alguns brasileiro queira vender em condições privilegiadas."
Napoleão, ex-ministro das Comunicações do governo Itamar Franco, reivindica para si a relatoria do projeto lei no Senado.
O senador Antônio Carlos Magalhães (BA), cacique peefelista que também foi ministro das Comunicações (governo Sarney), apóia o governo, mas evita o confronto com o líder de seu partido.
"A negociação na Câmara foi bem encaminhada", disse.
O governo quer acelerar a aprovação do mercado de telefonia celular e estuda pedir urgência urgentíssima na tramitação do projeto no Senado.
O assunto será discutido hoje em reunião das lideranças governistas no Senado com o presidente FHC.

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