São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve deixa 300 mil sem ônibus na Grande Vitória

ROBERTO SAMORA
DA AGÊNCIA FOLHA

Trezentas mil pessoas ficaram sem ônibus ontem, segundo dia da greve dos motoristas e cobradores da Grande Vitória (1,1 milhão de habitantes, 40% da população do Espírito Santo).
A avaliação é da Ceturb (Companhia de Transportes Urbanos), estatal que gerencia o sistema de transporte na região metropolitana.
O Setpes (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Espírito Santo) informou que cerca de 550 mil pessoas utilizam por dia os 1.300 ônibus que compõem a frota na região.
O presidente da Ceturb, Tarciso Vargas, 44, disse que ontem apenas 30% dos ônibus circulavam na capital capixaba e nas outras quatro cidades da Grande Vitória (Vila Velha, Cariacica, Viana e Serra).
Parte dos ônibus circulou com as catracas liberadas para os passageiros por força dos piquetes de sindicalistas, que retiravam os cobradores dos veículos.
Se a greve continuar até a próxima semana, algumas empresas poderão atrasar o adiantamento de 40% do salário de motoristas e cobradores, cujo pagamento está previsto para segunda-feira.
Segundo o coronel Ladislau Paulino, 47, do Comando da Polícia Militar, aumentou o número de carros circulando nas ruas devido à greve.
"Mas o número de acidentes não cresceu porque os veículos são obrigados a andar mais devagar", afirmou.
Ele disse que não foi registrado nenhum incidente grave. De acordo com a Ceturb, dois ônibus tiveram os vidros quebrados.
O Sindicato dos Rodoviários apresentou ao sindicato patronal uma pauta de reivindicação de 11 itens.
Os principais são 40,3% de reajuste salarial -com base no índice de custo de vida do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 15% de aumento real e produtividade, tíquete-refeição, redução da jornada de trabalho e participação nos lucros.
Antes da greve, a proposta do Setpes era de 19% de reajuste salarial como forma de reposição de perdas pela inflação, plano de saúde individual e seguro de vida.
"Como essa proposta não foi aceita, a negociação volta à estaca zero", disse Nilo Martins, 51, assessor de comunicação do Setpes.
O sindicato patronal pediu à Justiça que a greve fosse declarada abusiva. O julgamento foi marcado para sexta-feira, na sede do Tribunal Regional do Trabalho.

Texto Anterior: Fuga está sendo investigada
Próximo Texto: Delegado proíbe o namoro nos carros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.