São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996
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"Três Homens e um Bebê" ri do racionalismo

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Guardadas as devidas proporções, "Três Homens e Um Bebê" (Bandeirantes, 13h15) está para Paris como os filmes de Woody Allen estão para Nova York.
Existe um tanto de presunção na intelectualidade local (e não só nela), que vem, possivelmente, do racionalismo.
E o que poder ser menos racional do que a reprodução humana? Na verdade não são só intelectuais que têm esse tipo de sentimento na França, e não à toa que o país tem uma taxa de natalidade baixa.
É aí, em todo caso, que Coline Serreau finca as estacas de sua comédia. Três rapazes bon vivants um dia deparam-se com uma criança na porta de sua casa.
Ora, isso é o fim de uma era. Tanto mais que, após algumas tentativas de se livrarem do bebê, acabam apaixonados por ele.
Serreau não tem a inteligência de Woody Allen, mas consegue captar com propriedade as reações das pessoas diante de um fenômeno que, por escapar a seu controle, a seu intelecto, tendem a rejeitar.
O filme cresceria muito se fosse exibido com legendas. Do jeito que está, porém, bate com facilidade a refilmagem norte-americana ("Três Solteirões e Um Bebê").
Embora inferior a este, um terceiro filme presta-se à comparação: "Presente de Grego". Ali, os americanos pegaram o espírito da coisa e colocaram Diane Keaton como a executiva que sofre o diabo quando em situação análoga.
Isto é, já não se tratava de americanizar uma situação tipicamente francesa, mas de observar algo com que as norte-americanas sofrem: a relação sucesso profissional/maternidade.
Por fim: "Três Homens e Um Bebê" faz rir.
(IA)

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