São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 1996
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Seguro-saúde; Cara tucana; Cotas para todos; Avaliação prematura; Indenização; Atitude indigna; Imparcial; O de sempre

Seguro-saúde
"Li com apreensão a reportagem a respeito do seguro-saúde e as declarações de observadores de empresas de seguridade americanas. No dizer desses senhores, a perspectiva de lucro no Brasil é muito favorável.
Isso é um absurdo! O seguro-saúde privado está sendo empurrado garganta abaixo das classes média e superiores pelo governo, incapaz de cumprir a Letra Constitucional.
A assistência médica nunca dará lucro financeiro, somente despesas. O lucro só poderá ser gerado pela limitação da atividade médica e em detrimento dos segurados e prestadores de serviço. É como pedir à polícia que gere lucro.
Se o governo não se responsabiliza pela educação, pela saúde, pela segurança interna e externa e pela Justiça, então ele não se justifica, e nem os governantes. Seria desejável a lei do ostracismo..."
Renato Dani, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia (Belo Horizonte, MG)

Cara tucana
"Quero dizer ao sr. Milton Flávio ('Painel do Leitor', 16/5) que só ele e o presidente não perceberam que a saúde pública já está com 'cara tucana'.
Parabéns ao senhor deputado que percebeu a ineficiência do sistema e disse ao presidente que chegou a hora de dar a cara tucana à saúde pública.
Quero também dizer ao presidente que o holocausto já começou.
Já temos quase 70 sacrificados, fora os miseráveis e a classe média que passou metade da vida nos bancos de escola e agora queima lentamente na fogueira do desemprego e inadimplência.
Essa é a 'cara tucana'! Só falta licitar os fornos!"
Jussara Santos Pereira Machado Silva (São Paulo, SP)

Cotas para todos
"A menos que eu não tenha entendido, a proposta dos negros sobre a reserva de cotas na USP é, no mínimo, estranha.
Sempre acreditei que o melhor critério para o preenchimento das vagas fosse o da classificação por pontos obtidos nos vestibulares, independente das origens do candidato.
Sabemos que o Brasil é um caldeirão de raças e origens. Em se reservando cotas para negros, logo teremos a reivindicá-las, com os mesmos direitos, os descendentes de coreanos, japoneses, chineses, italianos, espanhóis, alemães e tantos outros mais."
João Munhoz (Barueri, SP)

Avaliação prematura
"Os comentários do ombudsman na coluna 'Zeros à esquerda' (21/4) causaram-me certo alento.
Enfim uma crítica sobre a atitude da Folha no modo como esta vem tratando o assunto da implantação do PAS em São Paulo.
A pesquisa do Datafolha revela ampla aprovação do PAS pela população atendida. Esse dado não deve ser desmerecido.
Contudo parece ser prematura essa avaliação, principalmente daqueles serviços que demandam um maior tempo de permanência no tratamento, como é o caso da saúde mental.
A maciça propaganda veiculada pelos meios de comunicação e o repentino investimento nos hospitais e centros de saúde certamente contribuem para o surgimento de uma atmosfera de deslumbramento.
Porém a Folha não se dedicou em fazer uma análise mais consistente da situação da saúde no município nos últimos três anos, quando a prefeitura praticamente implodiu o setor com a falta de investimentos."
Stella Maris Nicolau (São Paulo, SP)

Indenização
"Os jogadores do Corinthians, exceção a Zé Elias, Silvinho e Ronaldo, deveriam abrir mão de seus rendimentos do mês de maio em prol dos torcedores que estiveram presentes, como eu, no estádio do Pacaembu na partida contra o time do Grêmio.
Seria uma forma de compensar financeiramente o prejuízo que tivemos, o que é impossível emocionalmente."
Valdney Luis Rocha (São Paulo, SP)

Atitude indigna
"Sempre acreditei que este era um jornal imparcial, ou melhor, um pouco menos que a concorrência.
Mas, depois da capa e da reportagem que mostra pessoas dançando o 'tchan' e a 'boquinha da garrafa' na frente do Ministério da Fazenda, após este ter sido ocupado pelos servidores públicos federais, ponho em dúvida tudo isso.
Será que o objetivo foi desmoralizar o movimento?
Essa atitude da Folha foi totalmente indigna, conseguiu descaracterizar um movimento que teve que radicalizar para aparecer para a população e para abrir qualquer chance de negociação com o governo."
Julia Eberhardt (Florianópolis, SC)

Imparcial
"Dona Ruth Cardoso vociferou que 'o Judiciário é culpado pela crise no setor agrário, ao conceder liminares aos donos de terra'.
É óbvio que tal assertiva deve ser decorrente de seu elevado 'estado emocional' diante do famigerado massacre no Pará.
Contudo, a crítica à nossa Justiça merece censura. A Justiça tem por princípio básico limitar-se à apreciação do Direito nos termos da lei existente. Quem confere o poder é a lei, enquanto o Poder Judiciário aplica-a.
É temerária e repulsiva a pretensão em querer admitir, mesmo em 'forte estado emocional', que a Justiça seja tendenciosa ou interessada em beneficiar este em detrimento de outro."
Pedro Romeiro Hermeto (São Paulo, SP)

O de sempre
"Se a PM do Pará recebeu mesmo propina para exterminar trabalhadores sem-terra não terá sido a primeira vez que ricos e remediados pagaram diretamente a alguma polícia a fim de matar pobres.
É um padrão que se repete."
José Augusto Vasconcellos Neto (Santos, SP)

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