São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Justiça arresta bens de diretores do banco

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz da 7ª Vara Cível da Bahia, Augusto Bispo, decretou o arresto dos bens de 49 ex-administradores do Banco Econômico, acolhendo denúncia do Ministério Público Estadual.
A medida permite que o Ministério Público possa recolher os bens móveis dos ex-administradores e colocá-los à disposição do interventor do Econômico designado pelo Banco Central.
O arresto, decidido no último dia 15, reforça o controle da Justiça sobre os bens.
Eles já estavam indisponíveis desde 11 de agosto de 1995, quando o Econômico sofreu a intervenção do Banco Central.
O arresto também objetiva impedir a venda dos bens até que o Ministério Público promova uma ação para levá-los a leilão.
A decisão do juiz é resultado do inquérito realizado pelo Banco Central sobre irregularidades no Econômico.
O inquérito foi enviado à Justiça da Bahia no dia 11 de abril deste ano, de acordo com a legislação sobre intervenção em instituições financeiras.
Mulheres
A Folha apurou que os bens dos ex-dirigentes do Econômico não cobrem nem 5% do patrimônio líquido negativo de R$ 2,6 bilhões, levantado pelo BC.
Os bens do ex-presidente do Econômico Ângelo Calmon de Sá foram avaliados em R$ 100 milhões. Já os bens dos demais implicados não chegam a R$ 30 milhões.
O juiz Augusto Bispo decretou também o arresto dos bens de Anna Carvalho de Sá, mulher de Ângelo Calmon de Sá, e Maria Helena Vasconcelos, mulher do ex-diretor Almáquio Vasconcelos.
No caso de Vasconcelos, que morreu no ano passado, deverão ser arrestados os bens que estão com seus herdeiros.
As mulheres foram citadas na decisão do juiz porque, segundo o inquérito do BC, teriam estreita relação com os negócios do banco.
Segredo de Justiça
O juiz Bispo também determinou que o processo contra os ex-dirigentes do Econômico tramite sob segredo de Justiça.
Isso significa que somente poderão ter acesso aos documentos do processo os advogados dos ex-dirigentes e o Ministério Público.
Essa decisão atendeu a pedido formulado por Nelson Felmanas e Márcio Thomaz Bastos, advogados dos ex-dirigentes do Econômico. Com a medida, os advogados pretendem preservar a imagem dos ex-administradores e das empresas envolvidas em empréstimos considerados irregulares pela comissão de inquérito do BC.
Eles não foram localizados ontem pela Folha em São Paulo, onde têm escritórios.

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