São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Mercados temem incerteza na Índia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As bolsas da Índia entraram em pânico no início da semana com o aumento da incerteza política no país. O Partido do Congresso, que desde 1947 não esteve no poder apenas por quatro anos, perdeu as últimas eleições. O Partido Bharatiya Janata (PBJ) tem até o próximo dia 31 para formar uma coalizão, mas enfrenta dificuldades para compor-se com outros partidos e pode não sobreviver a um voto de confiança no parlamento.
As questões étnicas vieram para primeiro plano. O PBJ é de orientação hinduísta e tem radicais entre seus membros. Teme-se perseguições à minoria muçulmana no país e mesmo um agravamento das tensões com o Paquistão. Debate-se também sobre a necessidade de atenuar a intensidade e diminuir o ritmo das reformas liberais na Índia, ainda que o novo governo tenha anunciado o firme compromisso de manter o sentido geral das reformas e de não hostilizar o investimento estrangeiro.
Na semana passada os mercados reagiram com otimismo quando o moderado Atal Behari Vajpayee foi convidado a formar um gabinete. O atual primeiro ministro e ex-ministro das relações exteriores, entretanto, ainda não conseguiu formar a necessária maioria parlamentar. Em suas declarações ele tem defendido um modelo "indiano" que não aceite passivamente todas as recomendações ocidentais.
O modelo econômico indiano vem passando por reformas semelhantes às de outras economias emergentes. Depois da independência, em 1947, o país buscou um modelo com forte planejamento estatal, de inspiração soviética, privilegiando os investimentos em setores estratégicos e militares. O Partido do Congresso, que conduziu o modelo, perdeu legitimidade nos últimos anos em meio a denúncias de corrupção.

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