São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 1996
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Músicas indígenas compõem o show 'Ihu', até domingo em SP

Marlui Miranda apresenta canções que vêm do futuro

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Marlui Miranda levou duas décadas para recolher e recriar as 17 músicas indígenas que apresenta hoje no show "Ihu - Todos os Sons". Retiradas de antigas tradições de 13 grupos de índios, as canções parecem, paradoxalmente, vir do futuro.
Considerados parte da formação da cultura brasileira, os índios raramente têm voz. Causa espanto que as tribos brasileiras, silenciadas por cinco séculos de extermínio contínuo, sejam a origem da música sofisticada que Marlui leva ao palco, acompanhada por 35 músicos (28 cantores mais instrumentistas).
Daí a sensação de futurismo, de um canto que vem de lugar nenhum e de um tempo desconhecido. Longe de soarem folclóricas, as músicas se impõem em sua estranheza para ouvidos inexperientes da grande cidade.
Cada uma delas tem, na origem, uma função ritual ou social. Os ianomami cantam para trocar notícias com outras tribos e dar as boas-vindas. A pescaria, que dura um dia inteiro, é celebrada na cantiga dos Jaboti. A primeira menstruação recebe o canto dos Nambikwara.
Todos os sons dialogam com a natureza, as pessoas e os espíritos. Para os índios, não há divisões. Ao mesmo tempo, são impulsos mágicos e naturais.

Show: Ihu - Todos Os Sons
Onde: Sesc Pompéia (rua Clélia, 93, tel. 011/864-8544)
Quando: de hoje a sábado, às 21h, e domingo, às 20h
Quanto: R$ 15, R$ 14 (com carteira do Sesc) e R$ 7,50 (estudantes e comerciários)

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