São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 1996
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MEC se recusa a divulgar lista de livros

DANIELA FALCÃO e

DANIELA FALCÃO; LUCIA MARTINS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nomes de obras reprovadas não serão mostrados; ministro diz que não pode retirar material este ano

LUCIA MARTINS
O MEC não irá distribuir a lista dos 339 livros didáticos que foram reprovados pela presença de erros conceituais, preconceito, desatualização, problemas de acabamento ou por serem paradidáticos.
Segundo o ministro Paulo Renato Souza (Educação), a lista não será divulgada porque o objetivo da avaliação não é ressaltar os defeitos das obras didáticas.
"Os livros ruins foram retirados do catálogo da FAE e estarão fora das salas de aula das escolas públicas em 97. Isso é o que importa. O nome dos livros reprovados é secundário", disse o ministro.
Segundo a Folha apurou, as editoras pressionaram o MEC para que não fosse divulgada a lista dos excluídos.
Como o MEC não liberou a lista dos reprovados, alunos das escolas públicas de São Paulo, Minas Gerais e de toda a rede particular poderão receber no ano que vem os livros com falhas de conteúdo.
Nas escolas públicas de São Paulo e Minas, a seleção, a compra e a distribuição dos livros didáticos são feitas pelas próprias secretarias estaduais da Educação.
São Paulo já distribuiu o catálogo para que os professores do Estado escolham os livros que irão usar no ano que vem.
Ainda não há data para que ele seja corrigido, porque a Secretaria Estadual da Educação está esperando a divulgação da lista com os livros errados para poder fazer as correções.
Só nas livrarias de São Paulo, o livro "Eu Gosto de Ciências - Programa de Saúde/4ª série", um dos reprovados, teve uma tiragem neste ano de 20 mil exemplares, segundo a editora Nacional.
A coordenadora pedagógica do Colégio Sapiens (São Bernardo, Grande SP), Rita Barros, está muito preocupada porque o livro da editora Nacional foi adotado este ano pela escola. "Fiquei surpresa ao ler no jornal que o livro que estamos usando foi condenado."
Ela afirmou que vai pedir aos professores de ciências que corrijam os erros do livro. "Não dá para trocar o livro agora no meio do ano. Então, vamos tentar corrigir os erros."
Rita afirma que tem medo de que, dos livros adotados neste ano, haja mais algum com problemas.
"O MEC deveria divulgar essa lista para que nós soubéssemos quais são os livros com problemas. Isso é um absurdo."
Aberto a sugestões Apesar de ainda faltarem seis meses para o fim do ano letivo, o MEC afirma não ter como retirar de circulação os livros que foram distribuídos no ano passado e que não passaram pelo crivo na comissão de avaliação por conterem erros graves de conceito.
"Infelizmente, não há nada a fazer", disse Paulo Renato.
"Se retirarmos os livros errados, os alunos não terão como estudar. Estou aberto a sugestões para resolver o problema", disse o ministro Paulo Renato.

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