São Paulo, sábado, 25 de maio de 1996 |
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Banco Central intervém no Banorte
MILTON GAMEZ
O anúncio, que surpreendeu o mercado financeiro, foi feito à noite, em São Paulo, pelo presidente do BC, Gustavo Loyola. A expectativa era que se completasse a fusão com o Banco Bandeirantes, anunciada no final do ano passado. O negócio, no entanto, acabou não se concretizando. A intervenção se deu nos mesmos moldes da incorporação das operações bancárias do Nacional pelo Unibanco. O Bandeirantes assume, desde já, as operações bancárias do Banorte -agências, funcionários e sistemas. A partir de segunda-feira, as agências do Banorte abrirão sob a administração do Bandeirantes. Os clientes e depositantes poderão movimentar livremente seus recursos, garantiu Loyola. Proer Como no caso do Nacional, o Banco Central ficará com a "parte ruim" do Banorte, ativos entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões, dos quais R$ 540 milhões serão cobertos com recursos do Proer (programa de apoio à reestruturação do sistema financeiro). Pelo menos R$ 240 milhões já foram emprestados ao banco pela linha de redesconto do BC. A Caixa Econômica Federal vai assumir a carteira de crédito imobiliário, de R$ 220 milhões. O Bandeirantes vai desembolsar pelo negócio cerca de R$ 37,5 milhões. Ele receberá ativos da ordem de R$ 862,5 milhões para cobrir os depósitos dos 100 mil correntistas, de R$ 900 milhões. A diferença entre ativos e passivos é o ágio que o Bandeirantes aceitou pagar pela parte boa da instituição. Além das 83 agências e dos 3.000 funcionários do Banorte, o Bandeirantes assumirá as operações comerciais (somente ativos) da Banorte Leasing e comprará integralmente (ativos e passivos) a seguradora do grupo e as corretoras de valores e de seguros. Bens indisponíveis Como é de praxe nas intervenções do BC, os proprietários do Banorte -a família do agora ex-banqueiro Jorge Amorim Baptista da Silva, de Pernambuco- e seus administradores nos últimos 12 meses ficarão com seus bens indisponíveis. Antônio Machado Guimarães, vice-presidente do Banorte, não quis se pronunciar sobre a intervenção. A diretoria, disse ele, só daria declarações em Recife, da sede do banco. A diretoria não respondeu os telefonemas da Folha até as 21h30. Segundo o diretor-geral do Bandeirantes, Geraldo Machado, as negociações para a compra do Banorte emperraram no último dia 21, quando o banqueiro Gilberto Faria, dono do Bandeirantes, ofereceu R$ 37,5 milhões pela aquisição do Banorte e suas empresas coligadas. Não houve acordo, pois Amorin queria mais dinheiro. O Banco Central, face à situação de insolvência do Banorte, interferiu na negociação e fechou o negócio com o Bandeirantes. "A intervenção foi decidida em função das dificuldades que o Banorte tinha de conduzir as suas operações de forma normal", disse Loyola. O novo Bandeirantes abre as portas na segunda-feira com 9.000 funcionários, 206 agências e 600 pontos de atendimento em empresas. Sua clientela passa para 400 mil pessoas. Texto Anterior: País compra sêmen bovino Próximo Texto: Apego à cartola determinou o desfecho Índice |
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