São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Banco empresta menos e lucra mais

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os primeiros balanços deste ano mostram que os bancos estão emprestando menos e lucrando mais.
Esse é o quadro que emerge do resultado conjunto das nove instituições que já divulgaram o resultado do primeiro trimestre.
Em tempo de inadimplência alta, a estratégia das instituições foi emprestar com cuidado, garantindo assim o recebimento dos juros.
Erivelto Rodrigues, diretor da consultoria Austin Asis, especializada na análise do setor bancário, diz que os bancos estão ganhando mais com as operações de crédito.
O ganho dos bancos é a diferença -ou "spread", como se diz no jargão financeiro- entre os juros pagos na captação (Certificado de Depósito Bancário, por exemplo) e no empréstimo.
Lázaro de Mello Brandão, presidente do Bradesco, nega que tenha ocorrido aumento do "spread". Mas confirma a maior seletividade na oferta de crédito.
Os números do Bradesco -o maior banco privado do país- espelham o que acontece no mercado. Seu saldo de empréstimos no final de março havia despencado cerca de R$ 400 milhões, desde março de 1995, para R$ 5,6 bilhões.
No mesmo período, as receitas com operações de crédito cresceram de R$ 1,2 bilhão para R$ 2 bilhões. E o lucro líquido aumentou 56,6%, para R$ 195,2 milhões.
Os números sugerem que o capital financeiro fatura em cima das dificuldades dos setores produtivos. É uma imagem que os bancos procuram afastar, sejam eles o Bradesco ou uma pequena instituição como o Banco Finansinos, de Novo Hamburgo (RS).
Ricardo Ody, presidente do Finansinos, diz que a atividade bancária é extremamente regulada -o governo direciona, por exemplo, a aplicação do depósito à vista- e que os bancos se limitam a praticar os juros sinalizados pelo Banco Central.
Credores duvidosos
Os bancos ficaram mais seletivos na concessão de empréstimo com a explosão dos atrasos nos pagamentos, a partir de março de 95.
O volume de empréstimos nos nove bancos analisados diminuiu 1,4% entre o primeiro trimestre de 95 e o mesmo período de 96.
As instituições financeiras seguraram o dinheiro no caixa, retraíram a oferta de empréstimos e ao mesmo tempo quase triplicaram, para R$ 1,2 bilhão, as reservas para devedores duvidosos.
As despesas com devedores duvidosos diminuem a lucratividade das instituições financeiras e o Imposto de Renda a pagar. Para compensar, os bancos aumentaram as receitas com a cobrança de tarifas.
Assim, o lucro dos bancos cresceu 32,7% no primeiro trimestre, para R$ 389,8 milhões.
LEIA MAIS sobre bancos na pág. 2-3

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