São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Argentina tenta salvar as pequenas lojas

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino lançou um plano de salvamento para os pequenos comerciantes, maiores vítimas da guerra comercial gerada pela invasão de hipermercados.
Denominado "Programa Belgrano", o projeto está sendo analisado por associações comerciais, que devem apresentar sugestões até o final do mês.
A sobrevivência dos pequenos estabelecimentos é fundamental para evitar o aumento da taxa de desemprego na Argentina. O último levantamento, de outubro do ano passado, revelou que 16,4% da população economicamente ativa está fora do mercado de trabalho.
"Há 840 mil empresas que se dedicam ao pequeno comércio, garantindo emprego para 2 milhões de pessoas", disse à Folha o subsecretário de Comércio Interior do Ministério da Economia, Jorge Ingaramo.
Os supermercados e hipermercados, por sua vez, empregam apenas 200 mil funcionários e controlam 65% do comércio de alimentos, segundo levantamento da Dun & Bradstreet, empresa de consultoria que produz relatórios sobre economia setorial e Mercosul.
Projeções indicam que a tendência é aumentar ainda mais a concentração, até um patamar próximo a 80%.
Rapidez
Em entrevista à imprensa estrangeira, na semana passada, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, reconheceu as perspectivas sombrias para as pequenas empresas.
"É natural que os jovens não se orientem para este tipo de negócio", disse Cavallo. Para ele, o fenômeno da concentração do comércio no país gera um "problema social mais agudo" por ser "muito rápido".
"Na Argentina, o desenvolvimento dos supermercados, shoppings e centros comerciais se deu num período muito curto. Em outros países, o processo durou décadas", afirmou.
Segundo a avaliação de Cavallo, devem sobreviver os estabelecimentos com atendimento 24 horas e voltados para a venda de produtos artesanais e naturais.
Diante do avanço das grandes cadeias, os pequenos comerciantes chegaram a reivindicar a instituição de leis restritivas. "Queriam impor limites de tamanho e de horário de atendimento ao público", disse Jorge Ingaramo.
O Programa Belgrano, porém, não contempla essas alternativas. "Nosso objetivo não é promover o intervencionismo, mas incentivar a capacitação para que todos possam competir."
O governo se propõe a prestar assistência técnica aos pequenos comerciantes e a contribuir para a redução dos custos operacionais.

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