São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Prático é pouco conhecido e ganha bem

LUÍS PEREZ
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Quando chega à costa, o comandante entrega o navio a um homem que nunca viu na vida -é o prático, profissional que existe em todos os portos do país.
Por conhecer minuciosamente acidentes hidrográficos da região onde atua, ele é responsável por conduzir o navio até a atracação.
O prático serve para proteger o meio ambiente, a comunidade, as instalações portuárias e o navio.
Para o meio ambiente, é fundamental. "Se um navio bater e o combustível que há a bordo vazar na baía de Guanabara, a população do Rio vai ficar impossibilitada de tomar banho por um longo tempo", diz Otavio Augusto Fragoso, presidente da Coprarj (Cooperativa de Práticos do Rio de Janeiro).
"Aqui a gente manobra navios com 11 m de calado (quanto o navio tem para baixo d'água) em uma profundidade de 11,2 m."
Para ser prático, é preciso participar de um concurso público organizado pelo Ministério da Marinha. Mas ele só é aberto quando surgem novas vagas.
Um exemplo de o quanto o concurso é concorrido: para o último no Rio, organizado no final do ano passado, havia 1.200 candidatos para 2 vagas.
A tendência é de que os futuros práticos sejam oriundos das Marinhas, pois o concurso é cada vez mais específico.
Não há periodicidade. Neste ano haverá outro, que deve ser aberto por volta de novembro. É preciso se informar na Diretoria de Portos e Costas (leia telefone ao lado).
É raro encontrar um prático com menos de 24 anos. Isso porque ele deve ter tido uma experiência profissional na Marinha.
Hoje em dia, além de ter segundo grau completo, deve saber inglês -idioma oficial da navegação-, inclusive termos técnicos do meio.
Também deve sempre ficar atualizado sobre equipamentos -o que é relativamente fácil, porque tem contato com vários navios.
Embora seja aprovado por concurso público, o prático é autônomo -trabalha para uma cooperativa e presta serviço para o armador (geralmente o dono do navio).
O valor pago é rateado entre os membros da cooperativa. No Rio, o salário varia entre R$ 5.000 e R$ 6.500 após dois anos na profissão.
Depois de aprovado no concurso, é preciso praticar entre seis meses e dois anos. Não há um processo formal de aprendizado, mas uma biografia específica.
Ao final do período de treinamento -sempre monitorado por um prático-, é feita outra prova para passar de praticante de prático para prático.
A Folha apurou que existem aprendizes remunerados em alguns portos. Nos grandes, ganham cerca de R$ 1.000.

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