São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Votação dificulta dia-a-dia dos palestinos

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O futuro dos palestinos está em grande medida condicionado pela eleição em Israel.
No entanto, salvo uma fatia minoritária da população -aqueles que têm a cidadania israelense- os palestinos serão os convidados de pedra do pleito.
Ficou para eles o pior efeito da paranóia da população israelense quanto a uma possível ação terrorista nesse período eleitoral: o bloqueio completo dos territórios em que vivem.
Até um oficial israelense graduado, o major-general Oren Shahor, coordenador das forças de defesa israelenses nos territórios, reconhece que o sofrimento da população palestina continua sendo grande.
Shahor fez um relato sobre o assunto durante a reunião dos ministros do governo israelense, no domingo passado.
O militar constatou também que o desemprego aumentou de maneira assustadora.
Opinião idêntica à de Shahor tem Iyad Saraj, ativista dos direitos humanos e crítico impiedoso das violações praticadas pela Autoridade Palestina nos territórios hoje autônomos.
Saraj atribui os ataques suicidas praticados por fundamentalistas islâmicos contra alvos israelenses à sensação de frustração e humilhação que Israel cria entre os palestinos com o fechamento de suas áreas.
Faissal Husseini, o líder palestino mais destacado de Jerusalém Oriental, vai além.
Ele acha que, se não houver progressos rápidos no processo de paz, após a eleição, poderá ocorrer "uma explosão nos territórios".
Oposição ao terrorismo
Não é, entretanto, a visão mais geral da população palestina, a julgar pelas pesquisas feitas continuamente pelo Centro para a Pesquisa Palestina.
A mais recente (março) indica que 70% dos palestinos são contra ataques armados tendo Israel como alvo. Apenas 21% aprovam.
É uma inversão radical em relação a novembro de 1994, época em que a maioria (57%) era a favor dos ataques e apenas 34% a eles se opunham.
(CR)

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