São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Netanyahu está "faminto" pelo poder

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Binyamin Netanyahu não é sempre Binyamim nem Netanyahu.
É mais conhecido por "Bibi" do que por Binyamin. Nos EUA, adotou formalmente o sobrenome Nitay, de sua família, acusa, com provas, o jornal "Maariv".
"Bibi" explicara que preferia Nitay porque os americanos teriam dificuldades em pronunciar seu sobrenome ("netaniárru").
Para os judeus mais ortodoxos, no entanto, a troca de nomes é considerada uma fraqueza de caráter e uma concessão inaceitável.
"Bibi", 46, tem fortíssimos laços com os Estados Unidos. Passou lá (na Filadélfia) parte de sua adolescência, até retornar a Israel para servir o Exército, em 1968.
Logo depois, voltou aos EUA, desta vez a Boston, para estudar arquitetura e administração de negócios no legendário MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), no qual se graduou em 1975.
Voltaria como embaixador junto à ONU, no período 1984-88. Na Guerra do Golfo (1991), tornou-se porta-voz informal do governo e do Likud para a mídia norte-americana, já que fala excelente inglês.
Seu caráter é assim descrito pelo crítico, Nahum Barnea, colunista do mais popular jornal israelense, o "Yediot Aharonot: "Netanyahu será primeiro-ministro (agora ou mais tarde), porque ele quer muito ser. Para muitos, isso é o que conta. A fome. A vontade de fazer a guerra, de sujar-se, para manter-se no objetivo com todo o coração".
Mesmo Barnea, um crítico, admite que "voltaram de mãos vazias" os repórteres investigativos que tentaram devassar sua vida.
Nem mesmo o adultério parece ter causado escândalo, talvez porque ele próprio o confessou, tempos atrás, quando iniciava a carreira que o levaria à liderança do Likud, na virtual aposentadoria do antigo líder, Yitzhak Shamir.
Cercou-se, para a campanha, de dois dos mais notórios "falcões" da política israelense, ambos ex-militares. Um é Rafael Eitan (do Partido Tsomet), chefe do Estado-Maior entre 80 e 83, época da invasão do Líbano por Israel.
O outro é Ariel Sharon, ministro da Defesa que articulou a invasão.
Bem ao contrário de Peres, não esconde a desconfiança em relação aos árabes. "Não se pode confiar neles", disse, no mês passado, quando surgiram dúvidas sobre a revogação pelo Conselho Nacional Palestino da cláusula que pede a destruição de Israel.
(CR)

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