São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Estado palestino gera divergência
CLÓVIS ROSSI
Se "Bibi" for eleito, as concessões tendem a ser mínimas, como se deduz de entrevista que deu à revista "The Jerusalem Report": "Estamos preparados para oferecer (aos palestinos) um acordo que lhes ofereça o mínimo de interferência nas suas vidas e, a nós, o máximo de segurança". Significa concretamente que: 1 - Os palestinos ficarão limitados a uma autonomia, jamais chegando a ter um Estado, e que "assuntos externos e de defesa e matérias que requeiram coordenação permanecerão sob a responsabilidade do Estado de Israel", como diz a plataforma do Likud. 2 - "Serão fortalecidas as colônias da Judéia e Samaria" (nomes bíblicos para a Cisjordânia), mantidas por judeus sob protesto palestino. Mais ainda: "Bibi" não esconde sua repulsa a negociar com Iasser Arafat, embora seja a única autoridade constituída pelos palestinos. "Só o farei se ele cumprir todos os compromissos assumidos com Israel e se o interesse de Israel me compelir a tanto", disse ao jornal "Yedioth Ahronot". Retruca Misha Louvish, veterano militante do sionismo e do movimento trabalhista: "Se não for com Arafat, com quem ele vai fazer a paz? Com o líder do Hamas?" (grupo fundamentalista islâmico responsável por grande parte dos atentados contra israelenses). O jornalista norte-americano Thomas Friedman ("The New York Times"), talvez o repórter estrangeiro que mais conhece o Oriente Médio, faz a seguinte avaliação das consequências do eventual endurecimento do Likud: "Alguma forma de Estado palestino é a luz no fim do túnel que os palestinos estão apalpando. Se descobrirem que a luz é, de fato, de um trem vindo na direção deles, na forma de um governo do Likud ou de mais colônias, cuidado". Se o vencedor for Peres é mais fácil imaginar o desdobramento: o premiê considera que o acerto atual, de limitada autonomia, "não pode permanecer". Seu aliado, Iossi Sarid, do Meretz (bloco pacifista), foi mais longe, na convenção partidária de fevereiro: disse ao palestino Nabil Shaat (ministro de Cooperação Internacional), que, na próxima vez, queria saudá-lo "como representante de um Estado palestino". (CR) Texto Anterior: Jerusalém é foco de conflito Próximo Texto: O que pensa cada partido Índice |
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