São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Tarifas públicas pressionam a inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O país vive um choque de tarifas. Nos primeiros quatro meses do ano os serviços públicos subiram 18,7%, enquanto a taxa de inflação ficou em 4,12%. Se fosse retirado o efeito dos serviços públicos sobre a taxa, ela cairia pela metade.
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e se referem ao município de São Paulo.
A disparada dos preços no setor de serviços públicos ocorre porque as tarifas não estão sendo reajustadas pela inflação passada -em 1995 a inflação foi de 23%-, mas por percentuais superiores.
A Fipe mostra que o peso das tarifas é grande. Nos quatro primeiros meses de 96 a energia elétrica acumula reajuste de 26%; o líder, telefone, subiu 84%; gasolina, 13%; e álcool, 13,95%.
O pior, no entanto, está para vir. Se as passagens de ônibus forem reajustadas em 38%, como chegou a ser anunciado, a taxa de inflação vai dobrar. Só as tarifas de transporte público, à exceção dos táxis, provocariam elevação de 1,47 ponto percentual na inflação.
Se a tarifa de ônibus subir de R$ 0,65 para R$ 0,80, ou seja, 23%, o peso na taxa de inflação seria de 0,94 ponto percentual.
Sem justificativa
Não há justificativa para o aumento de ônibus que está sendo pedido, diz Heron do Carmo, da Fipe. As passagens acumulam alta de 55,91% no Plano Real, para a inflação de 53,7%, considerando a previsão de 1,35% para maio.
Com o aumento de 38%, as tarifas de ônibus acumulariam 115% no Real, 40% acima da inflação do período. Se o reajuste for de 23%, as tarifas vão acumular 92% no mesmo período, taxa ainda bem acima da inflação.
Para ilustrar o quanto as tarifas de ônibus já subiram, Heron diz que, mesmo sem novos aumentos, as passagens ainda estariam bem acima da inflação daqui a um ano em qualquer das duas hipóteses.

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