São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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Esverdeados precisam mostrar hoje seu valor

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

É hoje que eu quero ver essa gente esverdeada mostrar seu valor. Sim, porque até agora o Palmeiras tem dado seu show num picadeiro praticamente vazio de outras atrações. O São Paulo é uma paródia de si mesmo. O Corinthians perdeu-se nos três caminhos que quis palmilhar ao mesmo tempo. O Santos só neste segundo tempo pôde resgatar parte de seu prestígio de vice-campeão brasileiro. E a Lusa, bem, a Lusa é a Lusa de sempre.
Mas o Grêmio é outro departamento: foco centrado em duas disputas acirradas, mas com suficiente folga entre elas para manter o time tinindo -Copa do Brasil e Libertadores -, o Grêmio deixa o Gauchão rolar, certo de que só entrará na hora da decisão.
Compacto, firme na marcação e venenoso nos contragolpes, com um conjunto afinado pelo talento de seu técnico Luiz Felipe, o time gaúcho vem montado na tradição para surpreender o Palmeiras.
Mas, aqui entre nós, se jogar o que sabe, o Palmeiras ganha e ganha bem. E, para evitar o pior, é só seguir o conselho do zagueirão Sandro, desacorçoado (prefiro essa forma popular ao vernacular desacoroçoado) com a impossibilidade de marcar Jardel: o buraco é mais na frente, lá onde nascem os cruzamentos para Jardel, nos pés de Arce, Roger ou Carlos Miguel. É ali que reina o terror.
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Podem bolar as fórmulas que quiserem para o Campeonato Paulista, até mesmo terceirizar a administração do certame, que só há uma saída: divisão dos 16 clubes em quatro chaves e a disputa ser em três ou quatro turnos. Dos campeões de cada chave sai o campeão dos turnos, que, finalmente, se não for o mesmo, partem para a decisão do título. Tiro rápido, queda certa.
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Se dependesse de Valdyr (agora é com "picilone", por ordem da numerologia) Espinosa, Edmundo pode ir, desde que venham Renato Gaúcho e Donizete, ex-Botafogo. E mais: para abastecê-los, ou Marcelinho ou Souza. Os dois, impossível, taticamente.
Nesse caso, claro, Marcelinho ganha, disparado.
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Quem me adverte é o produtor de TV Plínio Mello: o ataque dos cem gols foi anterior ao corintianíssimo Cláudio, Luisinho, Baltazar, Carbone e Jackson ou Souzinha ou Liquinho, sei lá, dos anos 50. A primazia é do Santos mesmo. Não o Santos de Pelé, mas o de Araken Patusca, que, em 27, formava ao lado de Omar, Siriri, Camarão e Evangelista. Nesse ano, o ataque marcou 181 gols.
Cem, no Campeonato Paulista, em 16 jogos, o que dá uma média de 6,25 gols por partida. Só Araken, fez 35, 7 deles na goleada de 11 a 1 sobre o Ipiranga. No fim de tudo, Palestra campeão.
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O mais importante do "Roda Viva" com Luxemburgo: o técnico está preocupado em aprimorar Amaral e Flávio Conceição nos fundamentos do passe e chute a gol. Segundo Luxemburgo, os chamados cabeças-de-área devem ser incorporados também às jogadas de armação e finalização. Não basta apenas marcar.
Eis a grande revolução, se Luxemburgo tiver êxito. E que os deuses da bola o ajudem nessa dura empreitada.

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