São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996
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PSDB lançou Serra e peitou pefelistas

REINALDO AZEVEDO
COORDENADOR DE POLÍTICA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou a estadia em Paris para anunciar a candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo e o nome do tucano Antonio Kandir, 43, para o Ministério do Planejamento.
A candidatura Serra significa uma peitada no aliado PFL -que preferiu, em São Paulo, o PPB de Paulo Maluf- e antecipa a largada à corrida pelo Planalto em 98.
Maluf é candidato declarado à sucessão de FHC, que aposta na própria reeleição. Na dúvida, o PFL joga parte de suas fichas num possível adversário do tucano.
Planejamento
Após alguma hesitação e apesar da oposição de Serra, FHC confirmou Kandir no Planejamento.
O hoje deputado tucano é o autor intelectual da retenção de ativos determinada pelo Plano Collor.
A opção harmoniza o Planejamento com o Ministério da Fazenda. Kandir endossa as políticas cambial -com o real supervalorizado- e de juros e a retomada apenas gradual do crescimento.
É tudo aquilo contra o que Serra se debatia no Planalto. Mesmo assim, Kandir se esforçou para fazer crer que nada muda no Planejamento. Já se sabe, no entanto, que o novo ministro quer acelerar as privatizações e vender a Vale do Rio Doce ainda neste ano.
Segundo o cronograma de Serra, a venda da Vale entraria na pauta de prioridades só no ano que vem. Na sexta, depois de reunião com seu sucessor, Serra disse que Kandir "está se entrosando".
Terceiro no Primeiro
Em sua passagem de cinco dias pela França, FHC não fugiu à rotina que persegue líderes de países do Terceiro Mundo em viagem ao Primeiro.
Intelectuais e ONGs protestaram contra a matança de sem-terra e a impunidade dos policiais no país. Questões sociais perseguiram a semana de FHC mesmo à distância.
Na quinta-feira, o Tribunal de Contas da União divulgou um parecer segundo o qual, em 95, FHC dispendeu menos recursos na área social do que seu antecessor, Itamar Franco, em 94.
Divergências à parte, Serra e Kandir negaram os números do tribunal. Em Tocantins, na sexta, o vice Marco Maciel, presidente interino, não se deu ao trabalho de fazer qualquer contestação: só pediu "paciência" à população.

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