São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996
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Indústrias já trabalham com estoques

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em 18 meses as indústrias eletroeletrônicas começam a trabalhar com estoques.
Depois do Dia das Mães, as vendas no comércio caíram cerca de 15%. Prudentes, os lojistas decidiram também cortar 15% as compras das fábricas.
"Começa a existir pressão de estoque, mas ainda não é generalizada", diz Eldo Moreno, diretor comercial do Magazine Luiza.
Essa pressão, segundo alguns lojistas, leva indústrias a trabalharem com descontos -de até 8%- nas suas tabelas de preços e também a esticarem prazos de pagamento -para até 210 dias.
"Está havendo certa tendência de estocagem, especialmente nas indústrias que produzem bens de consumo, como eletroeletrônicos", diz Boris Tabacof, diretor do Decon (Departamento de Economia) da Fiesp.
Animadas com a alta do consumo provocada pelo real, as fábricas de eletroeletrônicos chegaram a aumentar até 50% a produção e estavam produzindo da mão para a boca. Ou seja: não tinham folga na produção.
Há duas semanas, no entanto, o consumo esfriou, as lojas diminuíram as encomendas e, consequentemente, as fábricas acumulam algum estoque.
Moreno, diz que as encomendas do Magazine Luiza estão adequadas à demanda que, na sua avaliação, caiu 15% após o Dia das Mães.
Cai preço
"A indústria está um pouco mais estocada do que há seis meses", diz Albert Arar, diretor comercial do Ponto Frio. "Isso é bom. Se o consumo aumentar, não faltará produto."
No Ponto Frio, conta ele, os estoques equivalem a 25 dias de vendas e chegaram a representar 20 dias.
Arar diz que, no caso de alguns produtos, tem conseguido comprar da indústria com descontos de 2% a 3%.
Alexandre Pagliano, diretor da Mesbla, sente também que as indústrias eletroeletrônicas estão mais flexíveis nas negociações.
A Mesbla está começando a se abastecer de eletroeletrônicos para iniciar a venda desses produtos na sua rede de lojas de móveis.
"Os descontos chegam a 7%", afirma Pagliano. Tabacof lembra que o país vive um momento especial."A demanda continua aquecida e não há pressão para a subida de preços. Ao contrário, ele tendem a cair ainda mais."
Na sua análise, a moeda estável faz o consumidor ter referência de preços. Além disso, diz, o cliente está hoje muito mais disputado porque a competição entre as fábricas está mais acirrada.

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