São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996
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Baratear custos

SAMIR DICHY

Às portas do ano 2000, a nova ordem econômica exige mudanças rápidas. Para o Brasil, significa austeridade do Estado e fortalecimento da iniciativa privada e da livre concorrência.
O agrupamento dos países em blocos comerciais fortalecerá o intercâmbio entre os mercados num futuro próximo. E somente os que oferecerem competitividade com qualidade estarão, de fato, inseridos na internacionalização dessas relações. A conclusão também vale para o setor da construção civil.
O Mercosul nos leva a uma experiência importante. Várias construtoras brasileiras já investem em grandes empreendimentos e participam das primeiras concorrências na Argentina e no Uruguai.
São empresas que dispõem de capacitação tecnológica e humana superior às empresas desses países. Pelo menos por enquanto, já que a indústria local se movimenta para enfrentar a concorrência.
Isso nos exige ainda mais esforços no sentido de oferecer melhores preços e produtos.
É essa a regra que deve prevalecer também no mercado nacional. Conquistamos uma média bastante digna em termos de resultado final para os padrões internacionais, mas é possível melhorar e estender esse padrão para uma faixa maior de consumidores.
Afinal, de pouco adianta adquirir um imóvel a custos menores, se os gastos posteriores trarão a velha conhecida "dor de cabeça".
Construir criteriosamente não significa obter menos lucro. Os cuidados com um projeto precisam contemplar também os empreendimentos mais simples, dirigidos à classe média.
Esse consumidor, felizmente, vem se tornando mais exigente, levando as empresas a repensar estratégias, até porque a concorrência entre elas está se acirrando.
A competitividade leva ao saudável exercício de rever conceitos e, na sequência, a ganhos com produtividade e retorno financeiro.
Para o empresariado da construção civil, representa abrir o leque de opções e dispor de caminhos alternativos igualmente eficientes para a realização de um empreendimento. Estudar bem o sistema de geração de capital é vital na atual conjuntura.
Com invariável sucesso, a utilização do sistema de preço de custo, por exemplo, minimiza gastos e democratiza as decisões.
Além de baratear, essa solução personaliza o espaço onde se vai viver. Um pouco mais de atenção às soluções simples, de bom gosto e criativas, pode amortecer problemas de verba que normalmente servem como justificativa para um acabamento de má qualidade.
Sobre esse item, venho propondo a organização de um "pool" de importação entre empresários da construção civil para materiais de acabamento. É a única forma de justificarmos ganhos de escala nas compras externas e encarar os altos preços praticados no mercado interno pelos oligopólios do setor.
O "pool" não atrapalharia a independência ou a competitividade das empresas. Ao contrário. A abertura às importações em outros segmentos tem impulsionado a livre concorrência e sacudido o mercado para uma nova realidade.
A construção civil também merece essa oportunidade.

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