São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria cresce 2,6% em abril, diz IBGE

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria brasileira continua a dar sinais de recuperação. Segundo informações divulgadas ontem pelo IBGE, o setor cresceu 2,6% em abril em relação a março.
Esse é o primeiro resultado positivo captado pelo instituto -órgão ligado ao governo federal- desde o início do ano e reverte tendência de três meses de queda da atividade industrial.
Esse dado reforça uma tendência já verificada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Na semana passada, a Fiesp divulgou o crescimento de 3,8% no Indicador do Nível de Atividade.
Na terça-feira, reportagem da Folha mostrou que vários setores industriais estão aquecidos graças ao afrouxamento das restrições ao crédito.
Bens de consumo
O segmento que produz bens de consumo -como o de eletroeletrônicos- foi o que teve o melhor desempenho, segundo o IBGE, com crescimento de 4,1%.
Porém, foram os bens de consumo duráveis, no qual se encaixa o setor automobilístico, que "puxaram" o crescimento. O segmento produziu 5,4% mais em abril.
Alguns nichos da indústria nacional chamam atenção porque conseguiram reverter repetidas quedas do nível de atividade. É o caso do setor têxtil (+6,3%) e também do setor de vestuário (+10,2%), que sofrem hoje forte concorrência externa.
O aumento do prazo dos crediários e o uso generalizado dos cheques pré-datados são os principais fatores responsáveis pelo novo fôlego da indústria.
Além disso, há o fato de que os preços de vários itens estão caindo, puxados principalmente pela presença dos importados.
Outro fator que contribui para a retomada do crescimento da produção industrial é a queda gradual das taxas de juros, patrocinada pelo Banco Central.
Indicadores negativos
Mesmo assim, a indústria ainda está longe de ter recuperado as perdas decorrentes da política econômica do Real, que se apóia basicamente em dois pontos: juros muito mais altos que os do mercado internacional e real valorizado em relação ao dólar.
Os dados do próprio IBGE indicam isso. Em abril, último mês com dados disponíveis, a indústria produziu 2,5% menos que em abril de 95.
Mas esse resultado negativo pode ser visto como um sinal de reação: desde agosto do ano passado, as quedas em relação aos meses anteriores eram maiores.
Outro indicador favorável é o fato de que 16 dos 20 setores pesquisados pelo IBGE apresentaram resultado positivo, quando se compara abril com o mês anterior. (LUIZ ANTONIO CINTRA)

Texto Anterior: CMN facilita empréstimo para empresas
Próximo Texto: Cheque sem fundos tem queda
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.