São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996 |
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Woody Allen procura captar anos 40 pelo rádio
INÁCIO ARAUJO
Como as crianças são mais sensíveis a essa ordenação familiar, nada mais justo que Woody Allen, então menino, tenha uma recordação muito forte desse período. Como com quase todo mundo em relação a seu passado, essas lembranças assumem um tom fortemente nostálgico: lidar com o rádio é quase como lidar com a Atlântida, um mundo não só perdido, mas que parece ter uma existência apenas mitológica. Nos primeiros momentos do filme, o que se impõe é o aspecto documental. A vida de uma família, a alternância dos programas, a espera, as surpresas. O rádio traz a dimensão do som. O cinema converte-a em sensações e gestos -em usos e costumes. Se o filme não chega a ser totalmente convincente, é em boa parte porque Woody parece não saber direito o que fazer com seu achado, para onde encaminhá-lo. Ficamos na dependência daquilo que os personagens farão com o que é sugerido pelos programas. E as soluções, como sempre em filmes de esquetes, são desiguais. Mas, sobretudo, o filme parece preso a um dilema frequente em Woody Allen. Ser um jovem judeu de Nova York é sua marca e seu destino. Ao mesmo tempo, é como se isso o diminuísse, atirando-o na dimensão terrena da América, em oposição a outro mundo sonhado, idealizado e desejado como seu, a Europa. (IA) Texto Anterior: Socorro! O Kandir confiscou o "Aurélio"! Próximo Texto: A estrela Bardot sofre Índice |
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