São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996
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MAL MENOR

Recentemente aprovado pela Assembléia para vigorar na região metropolitana de São Paulo a partir de 5 de agosto, o rodízio de automóveis ainda não pode ser considerado um consenso entre os paulistanos e em especial entre os ambientalistas.
A rigor, a elevada emissão de gases e a suspensão de partículas poluentes vêm prejudicando a qualidade do ar na capital durante o ano todo. O rodízio, para alguns, não faz parte de um amplo programa ambiental para a cidade. É apenas uma medida isolada que se limita a tornar a poluição atmosférica menos nociva no outono e inverno, quando é mais lenta a dispersão dos poluentes. Como outras medidas emergenciais (a eventual suspensão temporária do trabalho de indústrias poluidoras ou o isolamento das áreas afetadas), seria, portanto, apenas um paliativo.
Porém, na falta de políticas mais consistentes de controle da poluição, quaisquer iniciativas, ainda que paliativas ou emergenciais, são imediatamente necessárias para a qualidade de vida da população nos grandes centros urbanos. A aprovação do rodízio cumpre, pois, a função -modesta, sem dúvida- de tornar menos danoso um mal que pode se agravar nos próximos meses, sendo por isso lamentável que, devido ao desacordo entre lideranças na Assembléia e à obstinação das oposições em barrar o rodízio nos últimos meses, sua implantação tenha ficado para agosto.
Mesmo assim, ainda se espera por uma política consistente e de longo prazo para controle da poluição, da qual façam parte iniciativas regulares e de maior alcance, como as campanhas educativas da população, o esclarecimento constante e sobre os níveis diários de poluição, o severo controle da emissão de poluentes por fábricas e automóveis, a substituição dos combustíveis poluidores por outros mais aceitáveis e, principalmente, o incremento de um sistema de transporte público de qualidade.
Sem esses importantes complementos, o poder público continuará agindo a reboque das emergências.

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