São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Nos EUA, entidade fiscaliza e orienta doação

DE WASHINGTON

O Escritório para Melhores Negócios ("Better Business Bureau"), entidade mantida desde 1912 por 350 grandes empresas dos EUA, publica há 25 anos relatório anual sobre organizações não-governamentais e de caridade.
O objetivo é orientar o consumidor e as empresas sobre grupos que pedem contribuições financeiras ao público.
O serviço se chama "Philantropic Advisory Service" (PAS) e publica livros, revistas e panfletos.
O PAS pretende "promover os padrões éticos na comunidade filantrópica, prestar informações ao público sobre as organizações que solicitam dinheiro e orientar o doador para contribuir de maneira sábia".
Investigação
O serviço não produz um "ranking" das melhores organizações nem ajuda o doador a selecionar quais ele vai beneficiar ou não.
Mas o PAS investiga o estado das finanças e o grau de confiabilidade de centenas de entidades e publica os resultados de seu trabalho.
Quando a organização se recusa a prestar informações, o fato é registrado na publicação.
O PAS também recebe e investiga denúncias sobre entidades e depois divulga os resultados de sua investigação.
No seu "index" anual, o PAS mostra quantos funcionários cada entidade tem, quanto ganha o seu principal executivo, quanto ela fatura e como o dinheiro é gasto, entre outras informações.
Além disso, o PAS estabelece 23 padrões de comportamento das organizações não-governamentais para verificar se elas têm operações financeiras transparentes ao público, usam seus fundos de maneira responsável e fornecem informações corretas a seu respeito quando solicitam contribuições ao público.
Escândalo
Depois, o serviço informa aos interessados se cada entidade age de acordo com os padrões por ele estabelecidos ou não.
O trabalho do PAS é feito pelas 138 divisões regionais do Escritório para Melhores Negócios, os quais são mantidos por empresas locais.
Apesar do seu trabalho diligente e respeitado, o PAS não conseguiu prever o maior escândalo já ocorrido no setor nos EUA, em 1991, quando a United Way, uma das principais organizações filantrópicas do país, se revelou um antro de corrupção.
Segundo disse Bennet Weiner, vice-presidente do PAS, em entrevista à Folha, as declarações públicas sobre a situação financeira da United Way não indicavam problemas.
Weiner estima que cerca de um quarto das organizações investigadas pelo PAS demonstra pelo menos algum sinal de comportamento inadequado.
As entidades sem fins lucrativos nos Estados Unidos são responsáveis por 6% da economia do país e 9% do total de empregos.
O dinheiro gasto por elas supera o PNB (Produto Nacional Bruto) de todos os países do mundo, exceto os sete mais ricos (Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Canadá e os próprios EUA).
Contribuintes
Cerca de 94,2 milhões de norte-americanos adultos (51% da população) trabalham como voluntários nessas organizações (em torno de 1,4 milhão).
As contribuições a essas entidades superam os US$ 500 bilhões anuais.
Cerca de 69 milhões de famílias nos EUA dão dinheiro a pelo menos uma dessas entidades. O PAS só acompanha o trabalho de organizações nacionais.

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