São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996 |
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Falida, Xapuri gira R$ 64 mi em um mês
SERGIO TORRES
A prefeitura está semifalida, os 500 servidores municipais não são pagos há quatro meses e 70% dos 10.700 habitantes recebem menos de um salário mínimo por mês. Xapuri não tem indústrias. Sua economia se baseia na decadente extração de látex de seringais para a fabricação de borracha e em uma pouco expressiva criação de gado. "Não existe mais nada por aqui. Nem borracha tem mais. O município faliu", diz o prefeito José da Silva Cunha, 47. Para evitar os miseráveis que cercam seu gabinete pedindo emprego ou comida, Cunha evita despachar na prefeitura. Fica em casa a maior parte do tempo e, quando precisa assinar alguma coisa, despacha na tesouraria, a 200 m da prefeitura. No ano passado, os seringais de Xapuri produziram 120 toneladas de borracha, vendidas aos atravessadores por R$ 1 o quilo. É menos do que o produzida há dez anos, segundo dados da prefeitura. Fazendas As fazendas de criação de gado estão semidesativadas. O rebanho é avaliado em 70 mil cabeças, mesmo número de oito anos atrás. A arrecadação municipal mensal varia entre R$ 28 mil e R$ 30 mil. Esta receita não cobre a folha de pagamento, de cerca de R$ 60 mil. O endividamento da prefeitura soma cerca de R$ 250 mil. Enquanto isso, as agências do Banacre (Banco do Estado do Acre) e do Basa (Banco da Amazônia S/A) registram depósitos de grandes valores. "A gente aqui não sabe de onde vem este dinheiro, não", afirma o prefeito de Xapuri. As gerências das agências bancárias da cidade não quiseram falar sobre os depósitos, sob a alegação de que a movimentação é uma questão sigilosa. (ST) Texto Anterior: 'Origem não pode ser local' Próximo Texto: De volta ao consultório Índice |
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