São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Taxas de desemprego vão de 6% a 16%
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Há quase um ano iniciou-se um debate para tentar definir, afinal, qual o percentual de brasileiros que não têm como sustentar suas famílias. Até agora, entretanto, surgiram mais questionamentos do que respostas. O governo instituiu uma comissão de economistas para analisar a metodologia empregada na medição do nível de emprego e de desemprego. Foram indicados técnicos do Ministério do Trabalho e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento. O grupo produziu um relatório preliminar que foi apresentado há dez dias, durante uma conferência no Rio de Janeiro. O resultado foi uma discussão que beirou a confusão. O texto da comissão critica as metodologias do IBGE e da Fundação Seade. Em consequência disso, ambas as instituições estão, agora, reivindicando assento na comissão governamental. Hoje, ela só é formada por usuários dos índices. Diferenças São várias as diferenças metodológicas entre IBGE e Seade. A começar do que medem suas taxas. A fundação paulista, ligada ao governo estadual e conveniada aos sindicatos por meio do Dieese, mede o que batizou de "taxa de desemprego total". É a soma da taxa de desemprego aberto com a taxa de desemprego oculto. O Seade inclui na taxa de desemprego oculto as pessoas que continuaram procurando emprego apesar de terem tido um trabalho descontinuado durante o período de coleta das informações. Na sua taxa, o IBGE só mede o desemprego aberto, definido como o percentual da população desocupada (que está procurando emprego) em relação à População Economicamente Ativa (pessoas remuneradas por seu trabalho, mais os desocupados). Em defesa de seu índice, o IBGE, subordinado ao ministro do Planejamento, argumenta que segue metodologia recomendada pela Organização Internacional do Trabalho e adotada pelos países desenvolvidos. Os próprios técnicos do instituto afirmam que a taxa de desemprego aberto, isoladamente, é insuficiente para avaliar o comportamento do mercado de trabalho. Essa primeira divergência metodológica é responsável por metade da diferença entre os índices. Sem o desemprego oculto, a taxa da Fundação Seade cai para 11% -ainda cinco pontos percentuais maior do que a do IBGE. O período de coleta de dados de ambas as instituições também é diferente. O IBGE considera as pessoas que procuraram trabalho na semana de referência; a Fundação Seade, as que procuraram no mês. As bases amostrais também são diferentes. A Fundação Seade concentra sua pesquisa na Grande São Paulo. O IBGE tenta refletir o desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país. O tamanho da amostra é maior no IBGE: 9.000 pessoas são pesquisadas, contra 3.000 na fundação. Texto Anterior: Fast-food ainda não é medido Próximo Texto: Indexação faz inflação se reproduzir Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |