São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Asteróides passam perto

RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em todas as mitologias, encontramos histórias de estrelas que caíram do céu, embora tal fato não fosse visto como um perigo iminente até recentemente, quando se iniciaram os estudos sobre os asteróides rasantes. Os últimos novos alertas sobre as ameaças do céu estão fazendo com que o homem estude com mais atenção e autenticidade de algumas lendas.
Uma delas, de origem chinesa, fala de uma grande inundação na China durante o terceiro milênio antes de Cristo, logo após a queda de uma "estrela". Talvez consequência do impacto de um meteoro no oceano. Outra lenda é a de Faeton, que queimou vários países do Mediterrâneo, cerca de 1.225 anos antes de Cristo.
Um asteróide em colisão com a Terra parece ter sido responsável pela extinção dos dinossauros; um outro notável impacto em 1908 destruiu centenas de quilômetros quadrados da floresta próximo a Tunguska, Sibéria (Rússia); um fenômeno idêntico ocorreu em Curuçá, Amazonas, em 13 de agosto de 1930.
O número de asteróides rasantes à Terra detectados pelos astrônomos é da ordem de cinco dezenas. Este número vem crescendo numa média de cinco por ano. O mais conhecido deles é o Hermes, que passou bem próximo à Terra em 30 de outubro de 1937 (a menos de 735 mil km).
Por uma questão de seis horas e meia, a Terra teria se encontrado com o asteróide 4581 Asclepius (1989 FC), de 800 metros de diâmetro, no dia 22 de março de 1989. Ele passou às 23 horas (hora de Brasília) a 690 mil quilômetros da Terra (duas vezes a distância que separa o planeta de seu satélite, a Lua).
O registro do asteróide Asclepius quatro dias após a sua grande aproximação da Terra, colocou na ordem do dia uma das preocupações dos astrônomos. Ao contrário do que ocorre quase sempre nos filmes de ficção científica, as ameaças pelas quais já passou a Terra até hoje não foram previstas pelos astrônomos.
Só tomamos conhecimento do perigo do Asclepius uma semana depois.
Se a Terra tivesse sido golpeada, teria-se formado, na região do impacto, uma cratera de no mínimo cinco quilômetros de diâmetro. Simultaneamente, nas regiões vizinhas, ocorreriam terremotos de grande intensidade. No caso em que o asteróide viesse a se chocar contra os oceanos, o impacto provocaria maremotos tão intensos que poderiam devastar as regiões costeiras, destruindo as cidades litorâneas.
Apesar desses impactos constituírem uma preocupação dos astrônomos dedicados ao estudo dos asteróides, particularmente de uma espécie muito especial -a dos asteróides rasantes à Terra, pouco tem sido realizado para prevenir uma tal tragédia, através de recursos mundiais destinados às pesquisas dos asteróides, em comparação aos outros setores da pesquisa astronômica.

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