São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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CANÇÃO FLAUTIM

DE GOZO NO SEM-FIM.

E gostaste. Gostavas?
Era tão sem aviso,
era tão sem propósito
-trancelim-
e eu saltava, delfim.

E dançava, tchim,
sem notar, ai de mim:
Não era tanto assim.
Gonçalim.

Já não gostas de mim.
É fácil percebê-lo.
Vagueio pepolim
a caminho de nada.
Saponim.

Restaria o gerânio,
a senha no jardim?
O lenço ou a colcheia
no róseo bandolim

Candorim?
Xerafim?

Mal gostasses de mim,
outra vez carmesim
eu morria, eu vivia
Mirá, mirandolim.

Pelo gozo passado
em fato de jasmim
-palanquim-
pelo gozo presente
no metal do clarim
-trampolim-
pelo gozo futuro
em verso folhetim
-farolim-
que farei deste sim?

Se gostares de novo
seremos o festim
no parque, na piscina
ou no estrapotim,
em relva entrelaçados
um tintim noutro tim
seremos o marfim
na infinda perspectiva

Se não
gostares mais de mim
sumirei na voragem,
no báratro, no pélago
-votorantim-
no vórtice abissal

Ah, se gostasses de mim!

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