São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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honestidade acima de tudo

GABRIELA MICHELOTTI

machistas e grandes amantes valem pouco
O tipo ideal é confiável, não mente e nem deixa a mulher na mão. O que elas querem antes de mais nada é honestidade.
"Honesto é aquele que tem caráter, que não vai abandonar a mulher", diz a deputada federal e sexóloga Marta Suplicy.
A pedagoga Célia Norberto, 45, divorciada há 16 anos, reforça: "Nível intelectual é importante para facilitar a conversa, mas caráter é fundamental."
Companheirismo, experiência de vida e sucesso profissional são outras reivindicações frequentes, e demonstram que a mulher quer segurança no relacionamento.
O mercado já detectou essa tendência. Segundo a publicitária Célia Belem, 47, casada, vice-presidente de planejamento estratégico da agência MPM Lintas, a publicidade explora cada vez mais o homem companheiro, aquele que faz as compras no supermercado e dá uma mão na cozinha. "Esse é, de longe, o tipo que agrada mais", diz Belem.
A tendência apontada pela publicitária é internacional. Um levantamento da Almap/BBDO em dez países apontou que o tipo companheiro-sensível é o mais desejado.
A situação econômica do parceiro é mais importante do que as mulheres querem admitir. Elas afirmam não desejar um homem rico, mas fazem questão de que ele tenha sucesso profissional. "É a forma politicamente correta de dizer a mesma coisa", diz a publicitária.
"As mulheres tentam compensar a instabilidade no emprego com um relacionamento mais duradouro", afirma a jornalista Mona Dorf, do programa Opinião Nacional, da TV Cultura.
O lado sentimental do relacionamento fica em segundo plano. Os tipos românticos, cavalheiros e carinhosos não estão fazendo muito sucesso. "Eu sou super-romântica, e acho o encantamento fundamental", discorda a apresentadora.
Grandes amantes também estão em baixa. Apesar de 67% das entrevistadas darem importância ao parceiro bom de cama, desempenho sexual e aspecto físico foram as qualidades menos citadas.
A psicóloga Walkíria Helena Grant, do Instituto de Psicologia da USP, considera o fato um traço de repressão sexual. "A mulher não vê o parceiro como alguém para satisfazê-la sexualmente, mas como um protetor", diz a psicóloga.
Os tipos menos cotados são os considerados mentirosos, brutos e machistas. O infiel, ao contrário, não é tão odiado pelas mulheres mais velhas. "Com a idade, elas passam a se importar mais com filhos e carreira", afirma Grant.
"A infidelidade não desmancha tantos casamentos como há 20 anos", diz Marta Suplicy.

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