São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Kit 'converte' paraplégico em piloto

JOSÉ CARLOS CHAVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem vê o comerciante Arnaldo Pellegrino Junior, 30, nem imagina que está diante de um piloto eventual de kart.
Sem movimentos do peito para baixo desde 86, devido a um acidente, Junior só foi descobrir o prazer de pilotar recentemente.
Com um kit de conversão, em dez minutos ele adapta acelerador e freio manuais em um kart comum. Ele diz que os comandos manuais não atrapalham. Prova disso é seu desempenho nas pistas.
"Já corri junto com outros nove pilotos (não-deficientes) e ganhei de todos."
Para o deficiente, um carro adaptado é acima de tudo uma necessidade. A agente de telecomunicações Zenaide Gutierrez Nunes, 47, é um bom exemplo.
Dependia do marido para ir e voltar do trabalho. Quando descobriu que podia dirigir -apesar da imobilidade nas pernas e do braço direito com movimentos limitados-, comprou uma minivan Asia Towner e mandou transformá-la.
"Agora vou ter mais liberdade para mim e para meu marido."
A preocupação em incomodar os outros foi o que levou o bancário Lucio Marcos Gil Oliveira, 40, a alugar um equipamento.
Cansado de tirar os amigos da cama para fazer fisioterapia na perna esquerda -fraturada num jogo de futebol-, Oliveira começou a procurar um carro com câmbio automático.
Até que descobriu que uma embreagem mecânica resolvia muito bem seu problema.
Com a conversão, passou a acionar a embreagem por meio de um mecanismo igual ao usado em motos, localizado na alavanca de câmbio.
"É sensacional. Muito fácil de usar. A única dificuldade é na hora de manobrar."
Oliveira gostou tanto do sistema que, agora, ao final dos quatro meses da locação, gostaria de comprar o equipamento.
Porém nem todos os casos permitem o uso de embreagem especiais. Por exigência legal, alguns deficientes precisam de carros com câmbio automático, o que diminui a possibilidade de escolha na hora da compra.
O advogado José Francisco Vidotto, 45, reclama que essa opção só é oferecida aos carros topo de linha. "A gente acaba tendo que pagar por opcionais de luxo que não precisamos."
A arquiteta Silvana Cambiaghi, 36, faz a mesma queixa. "Como os carros importados não têm isenção de imposto e não há carro pequeno automático, você é obrigado a ficar com o carro de maior luxo."
(JCC)

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