São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996
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Reforma administrativa deve ser adiada

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A votação da emenda da reforma administrativa poderá ser adiada para após as eleições municipais.
Os líderes governistas na Câmara querem promover antes mudanças no sistema tributário, depois de concluída a reforma da Previdência.
Ontem, líderes do PFL, PMDB, PPB, PSDB e o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), começaram a discutir e a defender a inversão da pauta.
A proposta esbarra na resistência do próprio governo. O líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), afirmou que o calendário de prioridades continua o mesmo. Pela ordem, reforma administrativa e reforma tributária.
"Podemos eleger alguns pontos mais importantes da reforma administrativa e votá-la", avalia.
Assunto impopular
O governo enfrenta dificuldades para votar a assunto, tido pelos políticos como "impopular" em ano eleitoral. Os candidatos temem perder votos aprovando a proposta do governo.
Os governistas apresentam ainda outros argumentos para a troca de prioridades: a demissão de funcionários públicos é proibida 90 dias antes e 90 dias depois das eleições, de acordo com a legislação atual.
Um dos objetivos do governo com essa reforma é criar meios que facilitem o corte de servidores.
Soma-se a isso a necessidade de se aprovarem mudanças tributárias no ano anterior à sua vigência.
Caso a reforma tributária não seja aprovada neste ano, ela só poderá entrar em vigor em 1998.
A dificuldade de votações nesse ano eleitoral deve limitar também o alcance das mudanças fiscais.
Temas polêmicos
Segundo o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), os temas mais polêmicos, que modificam a divisão do bolo tributário entre União, Estados e municípios, ficariam para depois das eleições.
A reforma, agora, se restringiria à redução dos impostos das exportações, dos produtos da cesta básica e dos insumos da agricultura.
Estabeleceria ainda o fundo de compensação aos Estados, que perderiam com a redução fiscal.
"Podemos analisar o que pode ser feita por lei comum, sem alterações na Constituição", disse o líder do PMDB, Michel Temer (SP).
Segundo ele, se a reforma tributária não for discutida agora, não haverá tempo de sua votação ser concluída até o fim do ano.
A reforma administrativa está parada por falta de acordo na própria base do governo. Ainda não há um texto definido sobre o fim da estabilidade do servidor.

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